06 janeiro, 2010

Dia 4 – Salar do Atacama, Peine, Mejillones, Hornito


Até empacotar a vida toda que estava espalhada pela pousada, já somava quase 11 da manhã quando nos despedimos de São Pedro. Em vez de fazer a rota padrão de São Pedro para Calama e então Antofagasta, resolvemos fazer uma rota menos óbvia e cruzar o Salar pela parte sul a caminho do mar, com uns poucos oásis perdidos à beira da estrada.Um coadjuvante bastante peculiar no deserto são as placas e sinais pelo caminho. É assim que descobrimos o número de habitantes de um determinado vilarejo e a altitude em que ele se encontra, dentre outros detalhes pitorescos. Foi assim que conseguimos descobrir que o vilarejo de Peine tinha pouco mais de 400 habitantes. Ali há, além do salar que cerca o lugar, uma formação rochosa que resulta em uma piscina natural de águas transparentes (e alguma sujeira no fundo, pois a comunidade usa o lugar para churrascos de domingo, como pudemos presenciar).O percurso cruzando o Salar e as minas de cobre pelo caminho foi o maior feito até então. O que se pode dizer de um percurso cruzando o deserto? A areia muda de cor, mas é, ainda assim, areia. Não se vê vida animal, vegetal ou humana até onde os olhos conseguem enxergar, e há horas de distância entre o contato com um lugar habitado e outro. No meio, somente o nada, que em algumas horas acalma e em outras desespera. Uma única parada estratégica num vilarejo a caminho de Antofagasta e alguns sorvetes depois foi com grande alívio que em duas horas, lá pelas 6 da tarde, enxergamos o mar. Ao invés de rumar diretamente para Antofagasta, resolvemos seguir para Mejillones, um balneário 65 km mais ao norte. Mal lembramos que era fim de domingo, pós feriado de ano novo, e não se via nada aberto na cidade, além do posto de gasolina e do banheiro público, sempre a 200 pesos por cabeça. Assim, rumamos um pouco mais ao norte até Hornito, para acampar na areia da praia (com outras 100 pessoas, porque aparentemente esse é um programa comum por aqui) sem luz, banheiros e, mais espantosamente, sem uma portinha de comércio aberta em toda a praia. Com um banquete de macarrão com sardinha pra matar a fome e muito vinho, dormimos vendo as poucas estrelas que estampavam o céu e com o vai e vem das ondas do mar de sinfonia.

Um comentário:

Syl disse...

que delicia esse acampamento... adorei