18 janeiro, 2011

Por que ninguém me disse????

Por que??

Quando eu resolvi, grávida: trabalhar (ah, aqueles sutiãns), mudar de casa, despedir a babá, e alugar nosso apartamento, durante as férias escolares da filhota, por que ninguém me disse que em algum momento eu ia querer gritar SOCOOOOOOOOORRO!!!!

Filhote se manifesta chutando constantemente e eu prometi a ele que no final da semana tem sessão de massagem pra compensar a correria...

Nenhum arrependimento, é vero, mas pqp, são dias como hoje que fazem a gente desejar que o Carnaval venha em fevereiro e não em março!!

10 janeiro, 2011

A voz da experiência

Marido resolveu dar uma lição na filha ontem na hora de ir dormir:

"Filha, quantos anos você tem?"
"Tlêis."
"Pois é, o papai tem 36. Quem você acha que entende mais das coisas?"
"Eu."

Só se pode ouvir depois disso um silêncio profundo enquanto ele se recompunha e eu, da sala, segurava as lágrimas de riso que brotavam nos meus olhos.

Só pra constar

Na falta de mais tempo na frente do computador nas semanas que se passaram, alguns episódios da nossa saga diária ficaram só na memória.

A epopéia para embarcar nas vésperas do feriado: 
Primeira parte: a colocação da meia elástica, aquele ser diabólico disfarçado de nylon, seguindo a orientação da médica para viagens aéreas. Imaginou uma minhoca convulsionando? Agora imagina a minhoca grávida... Foi mais ou menos assim... Não é possível que aquilo pudesse caber em mim, pensei, quando a dita enroscou já no tornozelo. Uma tentativa, duas tentativas e depois da terceira eu já estava suando em bicas, apesar de ter acabado de sair do banho. Foram tantas tentativas e posições quanto um capítulo do Kama Sutra, sem os mesmos benefícios. Coisa insana!! Não usei na primeira gestação e decidi que vou secar os vasinhos depois da segunda, mas aquele fazedor de pernas de Barbie e eu não nos entendemos, definitivamente... Só se a necessidade obrigar novamente. Aí vou cogitar recrutar reforços!

Já no avião:
Eu, a minha bolsa, uma mochila pra criança, a criança, uma barriga, na vigéééésima segunda fileira do avião (tradução: fundos!) porque eu era só mais uma entre a dúzia de grávidas com filhos a entrar no avião, portanto, sem privilégio algum.
Filhota se encarapichou na sua cadeira, olhou atentamente enquanto eu apertava o cinto dela e quando o avião começou a taxiar me perguntou:
"Mamãe, nós estamos defolando???"
"Sim, filha, deColando!"
No que ela encarna mais uma vez a menininha do Toy Story 3 e solta e alto (bem alto) e bom som, com o punho fechado e o braço direito pra cima:
"Defolar!!!"

Eu me recordo de ouvir risos até umas três fileiras pra trás da gente, mas era onde o avião acabava, mesmo...

Já no vôo:
Entramos em uma nuvem cinza escura e eu contei os minutos pra que o serviço de bordo se retirasse e nosso avião começasse a chacoalhar. Nada muito extremo (eu já vivi coisas beeem mais extremas), mas a moça sentada na janela se coloca em posição de reza...
"Mãe, por que que o avião tá balançando?"
"Porque nós entramos numa nuvem cheia de chuva e o avião vai balançar um pouco até a gente sair dela!"
"Mãe, a gente vai cair??"
Olho a moça, que intensifica a reza...
"Não filha, nós não vamos cair, só vai chacoalhar um pouquinho."

...faz-se o silêncio por uns 20 segundos...

"Mãe, eu acho que a gente vai cair!"
"Maria Clara, pára de assustar a moça!!", é tudo que eu consigo dizer quando a moça, sem mais remédio, para de rezar e começa a rir, e explica que na ida a turbulência tinha sido tão forte que alguns passageiros deixaram o avião na escala pelo caminho.

Chegamos no nosso destino 15 minutos depois, a moça mais relaxada, eu atarantada com tantas perguntas (uma a cada 2 minutos de vôo, mais ou menos), e Maria Clara achando aquilo tudo uma aventura digna do Sr. Fredericksen.

Carta ao Ano Velho

Querido Ano Velho,

Começamos nossa história juntos com o pé direitíssimo, nas areias salinas do Atacama, com uma lua cheia a nos brindar sua chegada.
Mas como todos os anos pares, o pé esquerdo tremeu um pouco e desde lá, enquanto conversava com as águas do Pacífico, eu sabia que não estava pronta pra te receber tão logo.
Dito e feito, voltei pra estrear o ano na capital e no pronto-socorro. Nada sério, mesmo, só o sinal vermelho piscando a necessidade de mudar de rumos antes que o sinal vermelho viesse acompanhado de uma sirene alarmante indicando que as coisas tinham chegado a um ponto crítico.
Tomei coragem e saltei no escuro, querido ano, pra me abrigar mais de incertezas do que de certezas, e passei um tempo ainda me desintoxicando dos mares revoltos que eu havia deixado pra trás. Tive tantas dúvidas, tantos medos nas noites do seu calendário, sem enxergar tijolos amarelos pelo caminho e nem à distância.
Perdi amigos também, alguns contados por tantas separações que dividem naturalmente as águas, e pela morte também, que chega sem avisar testando nossa fé e nossa resignação.
Vi a cara feia das intrigas, mas também vi elogios inesperados e percebi que as cores da gente mudam de acordo com a lente de quem está nos observando.
Mas como as oportunidades são tantas pelo caminho de suas mais de três centenas de dias, também descobri amizades novas, redescobri amizades antigas e relembrei que estas ligações são inestimáveis e imprescindíveis para que consigamos seguir em frente. Descobri que alguns amigos são verdadeiros irmãos, que ajudam sem questionar e nos abrem as portas tanto nas alegrias quanto nas tristezas.
Ganhei também pela primeira vez em quase dez anos alguém da minha família vivendo na mesma cidade que eu, uma novidade na minha vida adulta.
No meio do caminho, quando ainda faltava um bom tempo para os fogos que fechariam seu reinado, ganhei um filho novo pra completar nossa família e vi as lágrimas de tristeza da irmã mais velha dele pela primeira festa de aniversário planejada por ela que estava prestes a acabar. O primeiro de muitos planejamentos, pleo jeito...
Viajei menos, mas me reinventei na necessidade de viver este momento. Me impus menos do que o necessário, mas soube dizer mais “nãos” do que de costume e vislumbro nas folhinhas vindouras mais respeito por mim mesma.
Você querido ano, foi um exercício de paciência fundamental para que pudesse acreditar que os frutos desta árvore adubada com espera e construção, ficarão prontos para a colheita neste ciclo que te sucederá: seu companheiro Ano Novo.

Obrigada pelas lições,

Carol