28 dezembro, 2005

Receita de ano novo

Drummond falou e eu assino embaixo!









Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo
sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)

para você ganhar um ano não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanhe ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados,

começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro,
tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Por isso, que todos nós possamos acordar domingo cheios de 2006 prontinho pra sair e ser feliz, esperançoso, com muita saúde e paz! Um bom fim-de-ano, e até 2006!!

23 dezembro, 2005

And so this is Christmas...










E porque é Natal ficam aqui alguns pensamentos pra quem ainda não entrou no espírito…
Um filme de Natal: Simplesmente Amor! Aquele com o Santoro na Inglaterra fazendo papel de alemão(??). Se você não entrar no espírito do natal com esse filme, melhor mudar pro Alaska de vez.
Uma música: Coral de crianças do HSBC em Curitiba. Tão bonito quanto parece. Mas se não der pra ir, esquece. O CD não é a mesma coisa... Melhor comprar um Frank Sinatra especial de Natal, então...
Uma lembrança boa: Casa da minha avó, dia 24 à tarde, todo santo ano. Um calor do cão, e um caos organizado de leitoa, peru galinha, a fauna e a flora administradas com maestria por ela e pelas excelentes cozinheiras da família, de quem eu não herdei os bons genes da cozinha...
Uma história de Natal: essa é de chorar, mas é de tanto rir... A saga do perupatolinha , uma empreitada culinária que merece um lugar no pódio das crônicas mais engraçadas que eu já li na vida!




E pra todos que aqui passarem, meu sincero FELICÍSSIMO NATAL!!




19 dezembro, 2005

Andei pensando, pensando, numa alegria meio triste. De coisas corridas, de coisas passadas sem tempo de ser absorvidas. Uma ressaca de consciência que pensou demais e agora não consegue nem escrever...
Também de uma tristeza alegre que vem sempre nessa época. Época de reflexões, época de novos começos e novos rumos.
Tempo de entender melhor a si mesmo e os outros. Alguns tão juntos, outros tão sozinhos, mesmo que tão acompanhados.
Uma melancolia de saber que tanta gente espera um ano inteiro pra fazer algumas boas ações, pra dizer alguns “eu te amos” tão guardados...
De não se ter tempo pra fazer o que se gosta... De estar com quem se gosta...

Com tudo isso, acabei resgatando uma lição que há muito tempo não lia... Um trecho de Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke... Uma carta que não foi escrita pra mim, mas mexeu com a minha vida e determinou essas linhas que hoje eu escrevo. Uma carta que, substituindo-se a palavra escrever, servirá como norte para todos estes momentos de conflitos da vida...

“Pois bem - usando da licença que me deu de aconselhá-lo - peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, - ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: Sou mesmo forçado a escrever? Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples sou, então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde.

Também, meu prezado senhor, não lhe posso dar outro conselho fora deste: entrar em si e examinar as profundidades de onde jorra a sua vida; na fonte desta é que encontrará a resposta (...).

Nada poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa.”

Licença que eu tô indo pensar...

16 dezembro, 2005


Começa amanhã oficialmente o período de festas de fim de ano que só acaba agora no dia 2 de janeiro (apesar dos últimos dois dias já terem sido uma boa prévia).
No momento não podemos atender, deixe seu recado e postarei novamente assim que possível!

Bom, ótimo, excelente fim-de-semana a todos!!

Juro que tenho histórias pra postar, mas o computador pifou com os arquivos dentro...
Também saiu crônica no jornal, mas eu não consigo achar o link...
Tô bem arranjada!

10 dezembro, 2005

Voltei, mas não atualizei o Café por pura falta de tempo.
A árvore de Natal continua na caixa! Que vergonha...
Contagem regressiva para a trilogia Aniversário-Natal-Ano Novo: 1 semana!
E eu me tornando uma pessoa (vide horário de postagem) cada vez mais matutina... Daqui a pouco a gente vai estar que nem aquele casalzinho do "Feitiço de Áquila"...

Mesmo assim, há coisas pra compartinhar...
Para as minhas amigas que eu revi, matei saudades, e que entendem muuuito bem esse poema:









Que mulher nunca teve
Um sutiã meio furado,
Um primo meio tarado,
Ou um amigo meio viado?
Que mulher nunca tomou
Um fora de querer sumir,
Um porre de cair
Ou um lexotan para dormir?
Que mulher nunca sonhou
Com a sogra morta, estendida,
Em ser muito feliz na vida
Ou com uma lipo na barriga?
Que mulher nunca pensou
Em dar fim numa panela,
Jogar os filhos pela janela
Ou que a culpa era toda dela?
Que mulher nunca penou
Para ter a perna depilada,
Para aturar uma empregada
Ou para trabalhar menstruada?
Que mulher nunca comeu
Uma caixa de Bis, por ansiedade,
Uma alface, no almoço, por vaidade
Ou, um canalha por saudade?
Que mulher nunca apertou
O pé no sapato para caber,
a barriga para emagrecer
Ou um ursinho para não enlouquecer?
Que mulher nunca jurou
Que não estava ao telefone,
Que não pensa em silicone
Ou que "dele" não lembra nem o nome?


Bom fim-de-semana!!

01 dezembro, 2005

♪ "Mas sempre tem
a cama pronta
e rango no fogão
luz acesa
me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa
Me vê, êêê
Que eu tô voltando pra casa o
Outra vez!!!!" ♪

Vou dar um pulinho em Londrina e já volto!

28 novembro, 2005

Prezado Papai Noel,

Eu sei que ainda é cedo, e que as lojas nem começaram a abrir a noite ainda... mas eu prefiro me prevenir.
Para o senhor não ter trabalho, este ano deixei a lista pronta aqui.
Tudo bem! Eu tenho certeza que o senhor lembra que fui eu que descobri que não era o senhor que entregava meus presentes, e ainda estraguei a infância inocente de todas as priminhas da minha idade... pelo que minha tia quis me matar... com uma certa razão...
Mas este ano, com a modernidade, se o senhor não quiser entregar, pode mandar pelo Correio!
E se não quiser esperar até o Natal, que vai ser muito corrido, pode mandar de aniversário mesmo!
Lembranças ao Rudolph e aos elfos!
Me perguntaram por que eu não falei mais das pombas...
Simplesmente por que elas desapareceram! Pegaram a viola, botaram na sacola e não deram mais notícia!!
Nem um cartão postal. Nem um bilhete no papel de pão...
Alguém sabe dizer se pombas também migram pro sul? No verão??
Porque se migram, este ano Camboriú vai ter mais do que argentinos pelo calçadão...

25 novembro, 2005

Sexta feira, Grazie a Dio!!
Aliás, o nome do Friday's, para os desavisados e não apreciadores de junk food de primeira, vem daí: TGI (Thanks God it's) Friday's.
Hoje tem muita chuva, com São Pedro tirando umas boas fotos com flashes lá de cima...
Amanhã tem dia preguiçoso na cama.
Domingo tem Harry Potter e amigos!!
E thanks God também que os maiores dilemas da semana estão na base do "monto a árvore de Natal ou espero a semana que vem?!"
Countdown para as festas: 3 semanas!!

22 novembro, 2005

Meditação



Fiz esse exercício já faz um mês, mas continua bem atual!
Não é bem um exercício, mas foi a primeira vez que eu enxerguei o quadro que eu venho construindo...E ele é mais ou menos assim:

Há dez anos
1- Estava fazendo cursinho, achando que sabia de tudo da vida.
2- Conheci meu marido pela primeira, das muitas vezes que iríamos nos cruzar pelo mundo.
3- Era exatamente do mesmo tamanho que eu sou hoje.

Há cinco anos
1- Estava no último ano de faculdade e não tinha a menor noção do que queria ou sabia da vida
2- Vivia um relacionamento ruim, que ensinou coisas boas
3- Tinha alguns quilos a mais e muitos reais a menos

Há dois anos
1- Mudei e casei, exatamente nessa ordem
2- Troquei de emprego e meu marido ficou sem férias pela primeira das muitas vezes nos anos seguintes
3- Mal sabia que eu mudaria de cidade dali dois meses e que minha vida viraria de cabeça pra baixo

Há um ano
1- Consegui meu primeiro emprego desde que mudei pro interior
2- Consegui meus primeiros amigos desde que mudei pro interior
3- Mal sabia que o emprego seria uma roubada!

Ontem
1- Troquei de emprego e mesmo assim consegui negociar as férias.
2- Comecei a enxergar algumas oportunidades que a vida nos dá
3- Ri, chorei, e tornei a rir

Hoje
1- Ri, chorei, tornei a rir e acho que estou começando a entender algumas coisas da vida
2- Tive notícias boas de longe e saudades dos que lá estão
3- Almocei as sobras da semana

Amanhã
1- Vou matar as saudades
2- Vou fazer comida nova
3- Vou começar o resto da minha vida com o pé direito

15 novembro, 2005


Começou a mania de final de ano...
Arruma casa, tira coisa velha do guarda roupa, dá tudo que não funciona ou não se usa mais.
Aproveitei e mudei o Café de roupa...
Não sei se ficou melhor ou pior, depois vocês me dizem.
Muito sol, sono e graças ao Marechal Deodoro da Fonseca e seu cavalo, um feriado providencial bem na terça feira!!
Depois de terminada a arrumação escrevo mais e aproveito pra começar as preparações para os 15 dias de festa de final de ano (aniversário-Natal-Ano Novo).

E por falar nisso, achei isso aqui na Faxina e peguei emprestado:



Bom feriado!!

07 novembro, 2005

Votem na vaca!!



Comecei uma campanha nova hoje! Votem na vaca 35!!

Eu já falei dessas vacas antes. Elas fazem parte da Cow Parade, e estão espalhadas por SP, cada uma personalizada por um artista diferente, como estátuas no asfalto da cidade.

Há até um mapa de onde encontrar as ditas vacas.

Há algumas na Paulista, que eu já tinha visto, mas a vaca 35, que reside atualmente no shopping Jardim Sul é indescritível. Pela primeira vez me arrependi de não ter um celular com câmera... mas nada que um search no Google não resolva, e aqui está a dita vaca... ainda que não dê pra ver os detalhes.

E já que não dá pra ver, eu conto. Sabe aquela xícara que sumiu da sua casa com pires e tudo? Está na vaca! Suas fivelas dase cintas velhas que você jogou fora? Estão TODAS na vaca! O gnomo que desapareceu do jardim da casa da sua avó? Está na vaca! Todos os suvenirs que você ganhou e jogou fora? Adivinha?!

Aparentemente elas vão ser leiloadas para angariar dinheiro para as crianças carentes.

Por isso e por todas as suas coisas que lá estão, mande um torpedo SMS para 48080 e VOTEM NA VACA 35!

Ah, e se você não sabe onde foram parar aquelas suas bolinhas de gude, quer que eu conte?!

02 novembro, 2005

Sugestão da semana


Pra quem gosta e conhece, pra quem não entende também...
A Última Dança, com Patrick Swayze (com cara de plástica mal feita) e a esposa dele na vida real (bailarina exímia, sem plástica).
Melhores coreografias que eu vi nos últimos tempos.

E pra quem encontrar na internet ou qualquer outro lugar a música "Batendo no Peito", em português sim, que faz parte da trilha sonora, um Oscar!!

Bom fim de feriado!!!

27 outubro, 2005

Fatos e Fotos

As 10 mais da Incursão pelas Gerais:

- Antes de tudo, o povo Mineiro!
- As ladeiras de Ouro Preto, com ruazinhas sinuosas e repúblicas enfileiradas.


- A sensação de que muita coisa importante aconteceu por lá.


- Uma história de amor digna de ser contada, eternizada nos versos de Marília de Dirceu, bem ao estilo de Hollywood, com revoluções e traições de pano de fundo, mas num cantinho do Brasil.
- Os profetas imóveis, e ainda assim, testemunhas de tanta história.


- As ruas da linda Tiradentes, desta vez planas e simpáticas, com artesanato por toda parte, e uma senhora pousada pra descansar no fim do dia.

- Pedras! Preciosas ou não. Rochedos, serras, a beleza seca do mangue esondendo espelhos de água cristalina.

- Comida boa e farta! Muito pão de queijo, cachaça, feijão tropeiro, queijo minas com geléia de jabuticaba, arroz com frango na madrugada. E a lua cheia por companhia.


- Rodinha de violão, conversas boas, música legal.
- Nandinho e Edu: obrigada pela hospitalidade!

Mas como nem tudo é perfeito, também têm os dez menos que deram a graça da viagem. Mas esses vão sem foto, com pequenas exceções...

- Sujeitos bêbados fazendo pressão para agenciar hotéis e empurrar pedras “preciosas” para os turistas.
- Dona Lagartixa, no calor da madrugada, quase no meu nariz.
- Dona Baratinha no café da manhã, que ocasionou a primeira mudança de pousada!
- As ladeiras de Ouro Preto, para os desavisados e principalmente os despreparados.
- A estrada real, que está praticamente toda asfaltada de Ouro Preto pra baixo. Não acreditem em propagandas de televisão!


- Meus amigos carrapatos!
- Acidentes ligeiramente etílicos.
- Sol demais na moleira.
- A Rede Globo, que chega em Tiradentes e fecha metade da cidade para filmagens.
- Sair pra fazer trilha no mangue, sem celular, nem água e nem um terço. Não façam isso em casa!


E é isso aí! Bom fim-de-semana pra todos!

25 outubro, 2005

Pérolas de Ouro Preto


Voltamos!
Descansados da cabeça e com o corpo pedindo água! Acidentes geográficos e etílicos no caminho...
Tô com saudade de tudo.
Eu sei, Ouro Preto não tem pérolas.
Eu sei também que eu não sou o Ricardo Freire, então não vou tentar dar uma de Guia Quatro Rodas. Aliás esse sim foi uma mão na roda!!

Pra entender melhor de pérolas:

Quatro da manhã, acordo com um barulho estranho num hotel de duzentos anos... É uma lagartixa que anda enlouquecida de um lado pro outro. Vai subindo o arco da janela, atrás da cama quando eu penso, “imagina se ela ai de lá de cima em m...” Bum!! (barulho de lagartixa caindo). Ah, palavra tem poder. Pulo que nem uma mola pro pé da cama. O Lu acorda. “Que aconteceu?”, “Caiu uma lagartixa em mim!!” “...Ainda bem que não foi em mim!”. E, nessa gentileza, volta a dormir... Na falta de sono, fiquei fazendo companhia pra lagartixa enquanto passava um filme do Roberto Carlos na TV. Pérolas!!!

Amanhã tem mais...

14 outubro, 2005

Agora vamos!!!


É isso aí, agora sai. Depois de três anos de tentativas frustradas, vamos.

Estamos em férias na próxima semana!!!

Volto descansada, morena, feliz, com fotos e notícias pra contar.

Boa semana a todos!!!

04 outubro, 2005

Bem no Fundo

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

Paulo Leminsky


Estou feliz de dizer que eu acho que consegui, se não um decreto, pelo menos uma liminarzinha...
Boa semana a todos!

30 setembro, 2005

“Uma menina do seu tamanho”


Eu não sei se mais alguém lembra, mas eu nunca esqueci desse texto que apareceu várias vezes nos meus livros de português nos muitos anos de colégio.
Eu descobri faz pouco tempo (mais precisamente: semana passada) que ele faz parte de um livro da Ana Maria Machado, chamado “Bem do seu tamanho”.
O texto fala de uma menininha que não pode fazer uma série de coisas, porque uma menina do seu tamanho já não faz, ou ainda não faz aquilo. Uma menina do seu tamanho não fica na sala enquanto os adultos estão conversando (sim, na minha infância ainda existiam essas restrições!). Mas uma menina do seu tamanho também já é grande demais pra fazer birra. No fim das contas, a menina não sabe bem qual é o seu tamanho, pois nada parece ser adequado pro tamanho dela.
Eu fiquei anos com esse texto na cabeça sem entender por quê. Até o dia em que eu acordei e vi que todos nós somos, eternamente, uma menina, ou menino, do seu tamanho.
Tudo começa com a idade da menininha do texto, ou até antes.
Depois...
Uma menina do seu tamanho não sai a essas horas da noite. Um menino do seu tamanho já devia estar trabalhando.
E o tempo passa...
Uma moça do seu tamanho já deveria estar casada e com filhos. Um moço do seu tamanho não brinca mais com essas coisas.
E continua passando...
Uma mulher do seu tamanho não vai a esses lugares. Um homem do seu tamanho não sai com uma mulher deste tamanho.
A questão é que, independente das lacunas a preencher com o tal tamanho, nós nunca vamos escapar dessa fita métrica.
Então, se é assim, eu só proponho que nós sejamos do nosso tamanho, o tamanho que nos faz felizes. E que esse tamanho possa nos levar a lugares incríveis e a experiências inesquecíveis.
Bem do nosso tamanho!

27 setembro, 2005

Bang-Bang

Eu tinha prometido que não ia contar, mas é bom demais pra guardar só pra mim!
Já avisando em tempos de plebiscito que armas de verdade não entram aqui em casa por motivos que eu não vou ficar explicando. Em compensação, a espingardinha voltou a atacar...
Sábado à noite, a gente em casa, toca o telefone. É uma amiga que acabou de terminar pela enésima vez com o namorado que não aceita o fim do relacionamento. Se é que isso é possível...
Pede pra gente ir buscá-la, pois ela tem medo do moço fazer uma loucura. Chega aqui em casa gelada de tanto nervoso.
Dali a pouco passa o Lu com a espingardinha indo pro quintal.
“Larga a mão dessas pombas”, eu digo. “Que pombas?”
Saio pra ver.
Que pomba que nada. Como ele não sabe mais o que fazer pra ajudar a passar o nervoso da moça, ele desenha a cara do dito cujo (que ficou tal e qual!) e vão os dois brincar de tiro ao alvo. Já no primeiro ela acerta na testa! Saiu calminha, calminha...

Hoje não tem crônica, mandei a minha pro jornal e fiquei muda de idéias. Mas recomendo e assino embaixo das Garotas que dizem Ni !!!

Por fim: Marina, achei Passargada
para você! Não acho que vai ter um rei por lá, mas você vai encontrar, com certeza, a paz que está procurando. E pensando bem, acho que eu vou junto!

23 setembro, 2005

Update na situação das pombas:

Elas não levam mais o Lu a sério! Descobriram que ele só tá blefando e nem se mexem mais... Ele tá frustradíssimo e diz que qualquer dia atira pra valer...

E falando em crises... Texanos: se mandem daí! A Rita tá chegando e desde o tempo do Chico Buarque ela já causava estragos!!

Por aqui, ficamos com Mário Quintana, que entende da minha vida melhor do que eu mesma:

Se as coisas são inatíngíveis...
Ora,
Não é motivo para não querê-las
Que tristes os caminhos
Se não fora
A mágica presença das estrelas!


E assim, eu vou bancando a astronauta...
Bom fim-de-semana!

19 setembro, 2005

Ora, Pombas!

Em homenagem a dois amigos, melhores contadores de "causos" que eu conheço!


Sábado era pra ser um dia calmo. Daqueles que não se tem hora pra acordar, e quando acordar, ir engatinhando até o sofá achar alguma coisa boa passando na TV e por lá ficar.
Mas não podia ser assim, tão fácil. Então seis e meia eu acordo com uma dor de cabeça chatíssima. Rezo, faço mandinga, compressa, até passar. Ainda tenho mais umas horas de preguiça.
Sempre ficamos com a veneziana aberta pra gente poder acordar com a luz do dia.
Hoje, no entanto a veneziana aberta me fez ver um sujeito plantando uma escada na minha sacada!
Acordei o Lu de uma pancada só. "Tem um cara ali fora!", "O que??", "Tem um cara ali na sacada!"
Ele não entendeu nada, mas que tinha um homem na sacada tinha! Fomos descobrir era o senhor contratado pela dona da casa, que não tinha nos avisado de nada, pra eliminar as pombas do telhado.
Eles usam um tipo de cola que quando a pomba assenta, fica grudada naquela gosma e, percebendo que aquele não é mais um lugar legal pra ficar, contam umas pras outras na sua linguagem columbina (ou seja, de pombas! - esse eu tive que achar na gramática!) até que não exista mais pomba no telhado. Ou assim eu imagino.
Acordamos, sem opção e com um mal-humor do cão a essas alturas, pra começar o dia.
Fiz meu café e sentei na frente do computador pra revisar alguns trabalhos quando ouço o Lu gritando que nem louco: "Saaaaaiii! Saaaaaiiii!"
Corro pra ver. São as pombas, em um dia de MST (Movimento das Sem Telhado), que resolveram invadir nossa cozinha já que não têm mais telhado onde pousar. Se escondem atrás do lixo, driblam o dono da casa, abrem as asas e as batem em sinal de ameaça. Fazem e aprontam e são expulsas da casa, porque cozinha não é lugar de pomba. Ele diz que já vai resolver o problema.
Volto pro computador onde passo o resto da manhã trabalhando.
Lá pelas onze desço pra ver o que vai ser do almoço e encontro a espingarda de pressão encostada em um canto da cozinha, do lado da lata de lixo que havia sido sujeita da ocupação, com a caixa de chumbinhos, pronta pra uso.
Dias difíceis esses...

15 setembro, 2005

Brincadeirinhas

Vi aqui, depois ali , não resisti e fiz a minha.

Começou com ela, que escreveu assim:
Não sei bordar, não sei costurar, não sei tricotar, não sei crochetar, não pinto, não desenho, não danço, não canto e não toco nada, mas sou apaixonada por artes em geral. Fotografo masomenos, sei a teoria. Adoro ler. Amo tecnologia, mas sou fã de cartas. Louca por cheiros e sensações - sou taurina. Tenho um senso estético chatíssimo, chega a doer. Gosto de animais e plantas mais do que de gente. Cabelos sempre curtos e sempre acima do peso, sorrindo por dentro, pouca gente é capaz de enxergar. Boa de garfo e de fogão. Tenho muitos conselhos no bolso, nenhum dinheiro. Amo incondicionalmente, mas tenho calos doloridos, não pise. Gosto de frio, de chuva, da noite, da europa. Vivo no Brasil, a vida pode ser cruel. Devo, não nego, pago quando puder. Adoro caixas e laços mais do que presentes, dou mais do que recebo. Cobro atenção. Não mordo.
E você?

Eu?
Bordo um pouco, costuro nada, mas descobri que sei fazer mais coisas do que imaginava. Pinto só os cabelos, danço qualquer ritmo, canto sem parar. Toco castanholas e não entendo todo tipo de arte. Amo fotografia, mas entendo bulhufas de teoria. Escrevo e leio alucinadamente. Gosto de tecnologia, mas o papel ainda me fascina. Louca por novos caminhos e experiências-sou sagitariana. Cultivo meu senso de humor, meio cínico-irônico, que nem todos conseguem entender. Gosto de pessoas, porque sei lidar melhor com elas que com animais e plantas. Cabelos sempre descontrolados, peso sob medida, sorrindo por fora, pouquíssimas pessoas até hoje enxergaram por dentro. Ruim de garfo e de fogão, mas aprendendo. Pouco dinheiro no bolso, conselhos pra dar e vender, mais dar que vender. Amo muito, evito calos, mas se pisarem nos meus sumo por uns tempos. Gosto de cheiro de chuva, noites de verão, dias de inverno. Vivo no interior, cada dia tentando entender o mundo a minha volta. Devo, não nego, pago a prestação. Coleciono momentos bons. Dou e recebo em grandes quantidades. Cobro respeito. Só mordo quem me morde.

E você?

10 setembro, 2005

Insights


Eu tive um insight dos mais estranhos essa semana: eu não posso mais nem dizer “eu não sei se caso ou compro uma bicicleta”.
Primeiro pq eu já casei, e o próprio marido me deu uma bicicleta de presente!
E agora? O que eu digo nas minhas crises de identidade?
Por enquanto acho melhor dizer “eu não sei se descaso ou vendo a bicicleta”!

Fim-de-semana em casa.
O segundo seguido.
Primeira vez esse ano.
Será preciso terapia?

E em homenagem às loucuras dessa semana fica um pensamento “não meu”, pq o meu pensamento tá de ressaca de tanto pensar.


Incenso Fosse Música

Isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

07 setembro, 2005

Sons e silêncio

Terça-feira, dez horas da manhã em São Paulo e o dia virou noite.
No meio da Paulista, estranhas vacas coloridas no concreto do Masp e nas calçadas pelo caminho.
Um frio de desanimar qualquer mortal.
Um senhor de sapatos puídos toca Sounds of Silence no acordeom, alheio a toda aquela loucura que o rodeia...
Sounds of Silence? No acordeom? Na Paulista? Em um dia de tempestades?
Tive que deixar um real!

05 setembro, 2005

Acordei bemol

acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido

Leminsk

Vou pra São Paulo ver se eu me acho.
Até depois do feriado!

04 setembro, 2005

Birra


Assisti e continuo assistindo pasma ao desenvolvimento da situação em New Orleans após a passagem do Katrina, o furacão que maior devastação causou na história recente dos Estados Unidos.
Eu morei na Flórida. Cheguei lá um ano após o furacão Andrew e os resultados ainda eram bem visíveis na vegetação, nos edifícios e na memória das pessoas.
Um furacão é algo indescritível para aqueles que nunca o viram ou não viveram.
O dia vira noite de repente e uma tempestade das piores se forma, com ventos que saem arrastando tudo o que encontrarem pela frente. É assustador, te faz sentir pequeno, praticamente inútil diante da dimensão das forças da natureza.
É também indescritível a situação vivida pelos americanos nesses dias pós-furacão. As imagens retratam a realidade que, em qualquer outro momento, se juraria ser de um país de terceiro mundo, sem recursos, sem comando.
Mas estamos falando da nação mais poderosa do mundo, que em seu intuito de combater e comandar o planeta, acabou arrasada pela única força que não pode combater, nem atacar, e nem se defender: a natureza.
Os relatos dos jornalistas que lá se encontram dando cobertura para o evento são dos mais estapafúrdios já ouvidos na história dos desastres. As lojas, com seus sistemas eletrônicos em pane, se recusam a vender água e alimentos à população, por não ter como registrar o preço dos produtos no sistema computadorizado. Explica-se: nos Estados Unidos as taxas dos produtos não são embutidas, só são registradas nos caixas e esses valores podem variar de porcentagem dependendo do produto. Remédios não são taxados, bens de consumo variam a taxação do mais necessário ao menos. O governo em momento nenhum eximiu estes comerciantes de taxa para que os produtos pudessem sair das lojas imediatamente. Aqui, provavelmente, o mocinho que carrega comida e bebida no isopor, desde a praia até a beira da estrada, quando os congestionamentos ficam quilométricos, já teriam juntado dinheiro pra tirar a família inteira do sufoco pelo próximo mês.
Os policiais, sem recursos, entregam seus distintivos por não ter como combater os saques de uma população que passa fome há dias sem a ajuda que, como em qualquer outro desastre presenciado recentemente, já teria chegado.
Os cidadãos, sem socorro e sem alternativa, passaram a saquear, roubar, e depredar tudo o que encontravam pela frente. Como crianças birrentas que não receberam a atenção de seus pais quando estavam mais desamparadas, partiram para a violência explícita, atacando uns aos outros, violentando mulheres e crianças, roubando e ameaçando estrangeiros que lá se encontravam tão perdidos quanto eles. Mostraram seu descontentamento com as autoridades tornando uma situação que já era ruim pior ainda.
O primeiro mundo, de repente se viu terceiro mundo. Tão desamparado quanto e mais sem recursos que, pois eles desaprenderam a viver sem a tecnologia que os cerca; os médicos não conseguem trabalhar sem os melhores recursos, e por fim ficamos todos iguais perante a vida. Com o agravante de os cidadãos que lá ficaram serem os mais pobres e os mais negros em uma cultura sulista de racismo acirrado que ainda não os absorveu na sociedade americana, e agora estes indivíduos sem casa e sem amparo, sem nada a perder, se dispõem aos atos mais contrários à natureza humana, que é a solidariedade em momentos de crise.
Cinco dias se passaram sem que estes cidadãos fossem socorridos e os governantes, representados em coletiva de imprensa pela Secretária de Estado Condoleeza Rice, não recusaram, mas também ainda não aceitaram nenhuma ajuda da que foi oferecida por sessenta países, mais as Nações Unidas. O que me leva a pensar que a birra passa de pai para filho. Em um momento de crise, o orgulho americano faz o ruim ficar pior ainda.

03 setembro, 2005

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa