26 junho, 2008

Vão-se os bons

Dona Ruth Cardoso vai fazer falta, num país onde pessoas dignas, trabalhadoras e interessadas nos problemas sociais são tão escassas.
Uma homenagem final na Sala São Paulo, um dos lugares mais majestosos da cidade, está à altura da classe e dignidade que teve em vida.
Tendo sido precedida por uma Roseane Collor e sucedida por uma Marisa Leticia, está certo que ela saiu em larga vantagem, mas não foi como primeira-dama que ela mais se destacou. Se destacou como humanista, que deveríamos observar e incorporar nas melhores qualidades.
Enquanto ela vai descansar, a vida segue com os vasos ruins que não quebram tão fácil.

24 junho, 2008

Abaixo de zero

Direto da Patagônia paulistana, mamãe Cebola e neném Cebolinha cobertas de camadas e mais camadas de roupas. A pobre nem se mexe direito. É body, casaquinho, casacão, meia-calça, calça, meia, mais meia ainda. É pouco provável que ela engatinhe essa semana. Talvez role pela casa...

*

O fim-de-semana em compensação trouxe sol, calor, comida boa, muita conversa pra jogar fora com os amigos e descanso pra dar e vender longe da cidade grande!! Não fomos de camisa havaiana, mas lagartixamos ao sol o que deu, já prevendo a semana glacial que se aproximava.

*

Filho vem com um chip especial impossível de desprogramar pra fazer pai e mãe passarem vergonha na casa dos outros. Meia hora de choro a plenos pulmões às 4 horas da manhã provou essa teoria. Fralda seca e uma mamadeira nova resolveram o problema, mas não sem antes acordar até o vizinho a 3 casas de distância.

*

Aniversário de um ano se aproximando com velocidade vertiginosa para uma mãe desavisada como eu. Help!

15 junho, 2008

12 junho, 2008

Chegadas e Partidas


Dia estranho pra morrer...

Dia dos namorados, véspera de Santo Antônio, e pra calhar, ainda era feriado na cidade onde morava.

Ela nasceu assim, lá na roça, onde ficou ainda um bom tempo depois que parou os estudos. Afinal, moça da roça naquela época tinha mais é que se casar. Ele a conheceu num trem, no meio da segunda guerra, enquanto ele, italiano, fugia de ser testemunha de uma briga de japoneses, todos inimigos do país à época. Ele prometeu que se fosse encontrá-la e ela estivesse na estação, casava com ela. Casaram-se depois de um mês. Mais tarde me confidenciou que todos ficavam pela estação naquela época, vendo as chegadas e partidas. Era o ponto de encontro.

Tiveram uma vida difícil, tendo e criando os filhos pelas muitas cidades por onde estiveram até se estabelecerem no interior do Paraná. Nunca sobrou muito, mas ao final teve suficiente pra família engordar e fazerem 9 netos.

Dizem que quem a criou foi uma tia, de quem herdou uma frase em espanhol que falou pela vida a fora. Mais ainda perto do final.

Um dia o brilho nos olhos foi embora. Ninguém entendeu direito, até que ela começasse a perguntar a cada 2 minutos se eu não queria tomar o leite que eu já tinha tomado. Depois foi meu nome que ela não lembrava mais. E por fim, o caminho de casa, quando não pôde mais sair desacompanhada. Isso foi há mais de dez anos.

Seguidos vieram o caminhar que cessou, a memória recente, depois a distante, depois a fala. E fez-se o silêncio, quebrado por um murmúrio ou outro que fizesse sentido e pela nossa agonia em saber o que se passava do lado de dentro, onde não víamos nem podíamos alcançar.

Quando não havia mais nada a perder, aina perdeu os movimentos dos membros que atrofiaram, os dentes que restavam e a alimentação, que passou a ser enviada direto para o estômago.

Ano passado, perdeu também o marido. Não que ela ainda lembrasse que tinha um. Talvez. Nunca saberemos.

E finalmente, hoje, foi embora de um corpo que não tinha mais nada para oferecer a ela.

Vai em paz, vó! Que você possa descansar destes anos tão sofridos pra você e pra todos nós que vimos o seu fenecer com tão pouco a fazer.

Can't buy me fun...

Televisão - R$ 500,00
Pipoca - R$ 1,00
Ver a vizinhança inteira vir abaixo gritando nas janelas e soltando fogos enquanto o Corinthians perdia pro Sport do Recife não tem preço!

11 junho, 2008

Capelinha de melão é de São João??

Semana passada, zapeando pelo rádio do carro, parei numa rádio evangélica que começava um programa que se chamava ago como "pergunte ao pastor".

Já estava pra mudar de canal quando quis saber que tipos de pergunta seriam feitas. Eis que apareceu uma senhora perguntando se devia deixar os filhos participarem das festas juninas no colégio.

Até aquele momento, acho que eu nunca tinha parado pra pensar nas festas juninas como de cunho religioso, além do folclórico.

O pastor foi taxativo em dizer que, sendo a atividade de fundo religioso, ele não deixaria os filhos dele tomarem parte, mas há os que entendam que seja apenas uma festa folclórica. Só que como o que estavam perguntando era a opinião dele, então ele achava que não.

Isso criou uma sequência de pensamentos tão grande que não caberia aqui. Mas principalmente criou mais perguntas que respostas.

No Estados Unidos, onde a comunidade judaica é tão grande quanto a cristã, os feriados cristãos e judaicos são respeitados pelo calendário governamental que fecha os estabelecimentos públicos nestes dias. Assim, se respeita a gregos e troianos.

Aí eu me pergunto, num país de origens predominantemente católicas, como ficam os dias "santos", que são feriados nacionais para os não-católicos? E as cidades que brotam os milhares, com seu São João, São José, Santa Maria como carro de frente? Qual seria o ponto de vista das outras religiões com relação a isso?

Partindo do mesmo princípio, não seriam os budistas e judeus, religiões que eu respeito e admiro, anti-cristãos, segundo esta ótica?

Eu fiquei numa dúvida terrível neste caso, sobre o que é religião e o que é folclore, porque desde muito tempo, a não ser que se estude em escolas católicas ou se frequente a quermesse do bairro, não vejo mais que uma quadrilha e muita pipoca e quentão.

Queria que alguém me explicasse melhor aonde entra o desrespeito com a própria religião e o respeito à religião do outro. Também não posso colocar toda uma crença de uma multidão de pessoas por causa de uma única resposta de um programa de rádio... Porque eu, que fui batizada católica, frequentei com meus primos os templos presbiterianos e espíritas, e fui intérprete de missionários da igreja Batista, vi o mesmo Deus em todos eles e não vejo de que maneira eu possa ofender Deus com tudo isso.

Na verdade no fundo o que a pergunta mais despertou em mim foi a dúvida de quanto as religiões em particular, e não as festas de junho em si, nos impedem de sermos todo filhos deste mesmo Deus.

07 junho, 2008

Cirque de Marie Claire

Ela aprendeu a ficar sozinha em pé sem as mãos essa semana. Agora ensaia um número novo: em pé, sem as mãos, enquanto tenta alcançar a colher com a comida do almoço.
Hoje, em algum momento entre o soltar as mãos e pegar a colher, ela desequilibrou e aterrisou com a mão no prato.
Eu não sabia se ria, se ajudava, ou se deixava a performance continuar.

28 maio, 2008

"Ontem faltou água, anteontem faltou luz...

... teve torcida gritando quando a luz voltou!"

Começou na quarta a noite, véspera do feriado. Ligamos a torneira pra tomar banho e... água tinha, só não esquentava. Fomos descobrir na portaria que um vazamento no andar debaixo interrompeu o fornecimento apenas para a nossa torre no condomínio. Resumindo: hoje, só amanhã.
Quinta feira de Corpus Christi e corpo imundo. A nenê então, que havia se vomitado toda, precisava de intervenção da segurança pública. Restou à ela um banho de microondas (água no microondas, nenê na banheira, sem confusões). E eu apelei para o "rabo quente", um tipo de resistência usada para esquentar leite, fazer café, que é ligada na tomada. Banho de canequinha eu não tomava desde a temporada inglesa em milnovecentos e bolinha.
A noite fomos descobrir que, apesar do reparo ter sido feito por uma empresa particular, a Comgás não efetua religamento em feriados e fins-de-semana. Não perguntem minha opinião a respeito porque eu vou dizer que é o @#$%&*%$#!!!
Quinta a noite e todos os remanescentes paulistanos do meu "édificil" foram se enfileirar na academia do prédio pra tomar um banho de gato e pedir uma pizza logo em seguida ali na esquina. Com 72 apartamentos, ainda que muita gente tenha ido viajar, e outro tanto tenha parentes por perto, o que nós não tínhamos, ainda sobrou gente pra caraca, e logo o banheiro muito lindo e arrumado da academia havia se tornado um alagado seboso e intransitável.
O gás mesmo só foi voltar na sexta lá pelo meio da manhã, mas até aí eu já tinha arranjado coisa bem melhor pra fazer far, far away!
O saldo do feriado foi positivo, apesar disso. Consegui conhecer alguns vizinhos, numa situação daquelas que gera algum tipo de identificação, nem que seja do tipo "você não tem gás, eu também não".
No mais um sol de lascar, muito tempo pra lagartixar nele, amigos pra jogar conversa fora e uma amostra de vinhos bons pra tirar a gente do marasmo dos sucos Del Valle.
Pena que o próximo feriado tá looooonge...

20 maio, 2008

A vida dos outros

Por alguns motivos bem pontuais eu não sou muito fã do shopping Iguatemi.
Não é pro meu bico e pronto. Essa história de não ter nada por menos de 3 dígitos e vestidinho basiquinho por 7.000 reais nem se eu tivesse os improváveis 7 mil...
Mas lá fui eu pra uma reunião informal, que por conveniência da distância entre eu e a cliente foi marcada no shopping. Em pouco menos de 20 minutos consegui coletar dois exemplos do pq eu não pertenço àquele lugar:
Conversa ao celular - "Não, a minha mulher não está em SP hoje. Ela foi pra um casamento em Paris e vai passar em Londres na volta. Só chega na segunda.", assim, como quem diz que foi pra Ubatuba e vai passar em Santos no caminho...
Conversa no Café - "Eu acho que você devia falar com o seu gerente que você não vai pagar juros sobre 10 milhões, só sobre 5!"
Preciso de mais argumentos?

A cidade dos crepúsculos


São João respira história por todos os lados. É uma cidade anciã, erguida nos primórdios da exploração das bandas do leste a caminho de Minas, quando o gado seguia rumo norte pra matar a fome dos caçadores de ouro.
Não é grande nem pequena, é simplesmente do tamanho certo para quem aqui chegou querendo nela construir sua vida. É altiva em suas origens e se gaba de seus “crepúsculos maravilhosos”, de cores infinitas e arco-íris que pipocam no céu a cada fim de chuva de verão.
De lá pra cá muitos casarões foram abaixo para dar lugar à dita “modernidade”, enterrando um naco bom de história junto com seus destroços.
Ficaram as colinas da Mantiqueira, testemunha quase silenciosa de todo este crescimento. Muitos tons dentro do mesmo verde, ameaçados pelos canaviais que comem sem piedade os espaços que antes comportavam fazendas cafeeiras, com suas casas grandes e senzalas. Aqui não há sítios ou fazendas, há a “roça”, qualquer tamanho que seja.
Os tantos córregos e rios que irrigam toda a cidade como veias insistem em vazar nas baixadas durante as chuvas de verão, tomando ruas e residências, deixando muita gente sem conseguir voltar pra casa nos fins de tarde.
Há prédios salpicados aqui e ali, ainda perdidos num mar de casas grandes e espaçosas, que vão tomando o pé da serra no afã da expansão.
É danada de orgulho dos cidadãos que aqui nasceram. Pagu saiu daqui pra revolucionar o país com suas idéias. Também saíram daqui Guiomar Novaes e Badi Assad, entre outras figuras da cultura popular brasileira.
Pelo balcão do teatro Municipal, uma reprodução do prédio original lá na capital, já passaram grandes nomes. É de uma beleza gloriosa, carregando em cada tábua, em cada assento e balcão a cultura de um povo todo, que se apressa em apresentar ali, principalmente, os frutos de sua própria terra.

É uma terra de contradições... Há Audis e Mercedes, e há cavalos amarrados ao poste em frente ao bar, onde os caboclos vão ter sua prosa. Ali na esquina ouve-se a viola afinada no salão do barbeiro a tocar modinhas que todos acompanham. Dizem que o sujeito também canta, e até gravou um cd por esses tempos. É curiosa essa modernidade. Até uns anos atrás, o estacionamento do supermercado estampava um cartaz que dizia que “para chamar o elevador, aperte o botão”, enquanto as loções da Vitoria Secret estampavam as vitrines das lojas da avenida.
Das janelas das casas sente-se o cheiro do pão-de-queijo fresquinho com café passado agora, influências do passado ainda conservadas.
No mercadinho e na quitanda as contas vão amontoando-se para pagar no fim do mês, enquanto as roupas da butique podem ser levadas pra casa pra experimentar na frente do seu próprio espelho.
E entre uma particularidade e outra este povo hospitaleiro vai escrevendo sua história, até as próximas fogueiras de São João, quando a cidade se junta novamente pra festejar o Santo que zela, lá de cima dos balões e das nuvens, esta terra abençoada.

13 maio, 2008

Curtas, mas não grossas

Primeiro dia das mães! Ganhei um "mamã" com uma caixinha de patna branca e dois pézinhos vermelhos estampados na parte de cima. A diretora do berçário disse que ela foi a única que se matou de rir na hora de pintar os pés pra fazer o presente. Mãe orgulhoooosa!

*

Eu sei, vai parecer mórbido, mas a imagem mais marcante do domingo foi ver o gramado do cemitério, que normalmente é inteiro verde e sem lápides coberto de flores coloridas. Fiquei feliz pelas mães dos outros também.

*

Segunda no semáforo, o mocinho que vende balas deixa um pacotinho no retrovisor que dizia algo assim: "Imagine um cama quentinha, um cobertor confortável e uma soneca até mais tarde... pena que não dá pra vender de tudo, mas bala dá. Tenha um bom dia!" Nunca quis tanto ter um real!! Na falta do dinheiro cumprimentei o moço por ter me feito rir no meio do maior mal-humor matinal de inverno...

06 maio, 2008

Era uma casa muito engraçada...

só tinha teto, não tinha nada,
Ninguém podia entrar nela não,
pq a chave não tinha na mão.
Ninguém podia dormir mais na rede
pq não cabia mais nas paredes
Ninguém podia fazer pipi,
pq tampa de privada não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
no Morumbi
de frente pro cemitério

Vinicius que me perdoe, mas a casa é minha, eu canto como eu quiser!

De qualquer maneira, agora ela já tem tudo no lugarzinho, e projetos pra mais de ano, quando tivermos dinheiro de novo. Falta uma última e solitária caixa pra ser aberta e muitos itens agora inúteis pra vender ou doar. Só falta mesmo a rede, nossa rede preguiçosa, que não cabe na sala, ou em qualquer outro lugar que seja da casa. Um caso a ser pensado...

Maria Clara agora tem 3 dentes, muito parecida com o Chico Bento! Também fica com o jeito dele depois de uma tarde inteira se esfregando pela casa. Haja Omo! Se desse eu punha ela de molho também. E depois de muito ensaio, na semana do dia das Mães saiu o mãmã, mãmã, mãmã. Normalmente ele vem precedido de uma encrenca gigantesca, fome ou bronca do pai. A gente desconsidera e acha lindo mesmo assim.

Tempos de correria, frases pela metade, listas de por-fazer, job hunting, vacinação da filha e resfriado da mãe. Resistência baixa? Quem? Eu? Pq seria???