Semana passada, zapeando pelo rádio do carro, parei numa rádio evangélica que começava um programa que se chamava ago como "pergunte ao pastor".
Já estava pra mudar de canal quando quis saber que tipos de pergunta seriam feitas. Eis que apareceu uma senhora perguntando se devia deixar os filhos participarem das festas juninas no colégio.
Até aquele momento, acho que eu nunca tinha parado pra pensar nas festas juninas como de cunho religioso, além do folclórico.
O pastor foi taxativo em dizer que, sendo a atividade de fundo religioso, ele não deixaria os filhos dele tomarem parte, mas há os que entendam que seja apenas uma festa folclórica. Só que como o que estavam perguntando era a opinião dele, então ele achava que não.
Isso criou uma sequência de pensamentos tão grande que não caberia aqui. Mas principalmente criou mais perguntas que respostas.
No Estados Unidos, onde a comunidade judaica é tão grande quanto a cristã, os feriados cristãos e judaicos são respeitados pelo calendário governamental que fecha os estabelecimentos públicos nestes dias. Assim, se respeita a gregos e troianos.
Aí eu me pergunto, num país de origens predominantemente católicas, como ficam os dias "santos", que são feriados nacionais para os não-católicos? E as cidades que brotam os milhares, com seu São João, São José, Santa Maria como carro de frente? Qual seria o ponto de vista das outras religiões com relação a isso?
Partindo do mesmo princípio, não seriam os budistas e judeus, religiões que eu respeito e admiro, anti-cristãos, segundo esta ótica?
Eu fiquei numa dúvida terrível neste caso, sobre o que é religião e o que é folclore, porque desde muito tempo, a não ser que se estude em escolas católicas ou se frequente a quermesse do bairro, não vejo mais que uma quadrilha e muita pipoca e quentão.
Queria que alguém me explicasse melhor aonde entra o desrespeito com a própria religião e o respeito à religião do outro. Também não posso colocar toda uma crença de uma multidão de pessoas por causa de uma única resposta de um programa de rádio... Porque eu, que fui batizada católica, frequentei com meus primos os templos presbiterianos e espíritas, e fui intérprete de missionários da igreja Batista, vi o mesmo Deus em todos eles e não vejo de que maneira eu possa ofender Deus com tudo isso.
Na verdade no fundo o que a pergunta mais despertou em mim foi a dúvida de quanto as religiões em particular, e não as festas de junho em si, nos impedem de sermos todo filhos deste mesmo Deus.
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