24 março, 2011

De spams e gestação

Podem botar a culpa na Progesterona (de preferência...), mas ando num mau-humor sem precedentes e portanto menos afeita a algumas situações que normalmente me incomodam, mas bem menos.

Eu sou, em épocas normais, a chata de galochas que vai te responder o e-mail/spam com os títulos "pelamordeDeus passem pra frente", "urgente, ainda dá tempo" e cujo conteúdo começa geralmente com "eu não sei se é verdade, mas eu vou encher a caixa dos meus amigos de spam além de mandar o e-mail aberto pra todos e ainda mantendo os e-mails anteriores copiados para que o spam se prolifere" terminando com a chantagem emocionalíssima "podia ser seu filho".

Normalmente diz respeito a alguma criança desaparecida que foi raptada ou a alguma doença incurável de alguém que pede ajuda. Aí vem a minha porção insuportavelmente chata. Por um cacoete da profissão, eu checo 100% dos e-mails que eu recebo neste sentido para verificar a veracidade deles. Normalmente me toma 5 minutos, na pior das hipóteses até hoje me tomou 10 minutos. Assim, posso dizer que de todos os casos apresentados nestes 12 ou mais anos de mundo digital, somente dois deles eram verdade, um de sequestro, que saiu em todos os jornais da região, e outro de doença, cujos pais chegaram a criar um site para dar acesso fácil a pessoas que pudessem contribuir com informações em relação à doença do filho aparentemente incurável.

100% das vezes também retorno para a pessoa que me escreveu com links e fatos esclarecendo se o caso é verdadeiro ou não, e sendo verdadeiro, obviamente eu passo pra frente também, colocando meus contatos em cópia oculta, para o conforto e confidencialidade deles. NENHUMA vez até hoje vi estas pessoas replicarem novamente para seus contatos, que foram recém inundados de spam com a informação verdadeira quando as informações do e-mail são falsas. Eu tenho dúvidas se isso não acontece por vergonha ou desserviço, mas se foi tão fácil encaminhar a primeira mensagem, qual o problema em replicar a segunda?? Alguém por favor me responda??

Por já ter trabalhado com crianças em situação de risco, violência doméstica e coisas que a maioria destas pessoas que passam pra frente este tipo de informação não querem sequer saber a raso, que dirá a fundo, eu levo muito a sério este tipo de caso. E atravancar o e-mail alheio sem sequer perguntar ao google se aquilo tem algum fundo de verdade é mal-educado com os amigos e um problema para quem realmente precisa e aguarda ter seu filho de volta ao lar.

Pra quem quer ajudar, o Ministério da Justiça tem uma página  de Pessoas Desaparecidas separadas por estado, dentre tantas outras ONGs que ampliam ainda mais este trabalho louvável.

Fica a dica, pra quem quiser repassar...

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