28 maio, 2008

"Ontem faltou água, anteontem faltou luz...

... teve torcida gritando quando a luz voltou!"

Começou na quarta a noite, véspera do feriado. Ligamos a torneira pra tomar banho e... água tinha, só não esquentava. Fomos descobrir na portaria que um vazamento no andar debaixo interrompeu o fornecimento apenas para a nossa torre no condomínio. Resumindo: hoje, só amanhã.
Quinta feira de Corpus Christi e corpo imundo. A nenê então, que havia se vomitado toda, precisava de intervenção da segurança pública. Restou à ela um banho de microondas (água no microondas, nenê na banheira, sem confusões). E eu apelei para o "rabo quente", um tipo de resistência usada para esquentar leite, fazer café, que é ligada na tomada. Banho de canequinha eu não tomava desde a temporada inglesa em milnovecentos e bolinha.
A noite fomos descobrir que, apesar do reparo ter sido feito por uma empresa particular, a Comgás não efetua religamento em feriados e fins-de-semana. Não perguntem minha opinião a respeito porque eu vou dizer que é o @#$%&*%$#!!!
Quinta a noite e todos os remanescentes paulistanos do meu "édificil" foram se enfileirar na academia do prédio pra tomar um banho de gato e pedir uma pizza logo em seguida ali na esquina. Com 72 apartamentos, ainda que muita gente tenha ido viajar, e outro tanto tenha parentes por perto, o que nós não tínhamos, ainda sobrou gente pra caraca, e logo o banheiro muito lindo e arrumado da academia havia se tornado um alagado seboso e intransitável.
O gás mesmo só foi voltar na sexta lá pelo meio da manhã, mas até aí eu já tinha arranjado coisa bem melhor pra fazer far, far away!
O saldo do feriado foi positivo, apesar disso. Consegui conhecer alguns vizinhos, numa situação daquelas que gera algum tipo de identificação, nem que seja do tipo "você não tem gás, eu também não".
No mais um sol de lascar, muito tempo pra lagartixar nele, amigos pra jogar conversa fora e uma amostra de vinhos bons pra tirar a gente do marasmo dos sucos Del Valle.
Pena que o próximo feriado tá looooonge...

20 maio, 2008

A vida dos outros

Por alguns motivos bem pontuais eu não sou muito fã do shopping Iguatemi.
Não é pro meu bico e pronto. Essa história de não ter nada por menos de 3 dígitos e vestidinho basiquinho por 7.000 reais nem se eu tivesse os improváveis 7 mil...
Mas lá fui eu pra uma reunião informal, que por conveniência da distância entre eu e a cliente foi marcada no shopping. Em pouco menos de 20 minutos consegui coletar dois exemplos do pq eu não pertenço àquele lugar:
Conversa ao celular - "Não, a minha mulher não está em SP hoje. Ela foi pra um casamento em Paris e vai passar em Londres na volta. Só chega na segunda.", assim, como quem diz que foi pra Ubatuba e vai passar em Santos no caminho...
Conversa no Café - "Eu acho que você devia falar com o seu gerente que você não vai pagar juros sobre 10 milhões, só sobre 5!"
Preciso de mais argumentos?

A cidade dos crepúsculos


São João respira história por todos os lados. É uma cidade anciã, erguida nos primórdios da exploração das bandas do leste a caminho de Minas, quando o gado seguia rumo norte pra matar a fome dos caçadores de ouro.
Não é grande nem pequena, é simplesmente do tamanho certo para quem aqui chegou querendo nela construir sua vida. É altiva em suas origens e se gaba de seus “crepúsculos maravilhosos”, de cores infinitas e arco-íris que pipocam no céu a cada fim de chuva de verão.
De lá pra cá muitos casarões foram abaixo para dar lugar à dita “modernidade”, enterrando um naco bom de história junto com seus destroços.
Ficaram as colinas da Mantiqueira, testemunha quase silenciosa de todo este crescimento. Muitos tons dentro do mesmo verde, ameaçados pelos canaviais que comem sem piedade os espaços que antes comportavam fazendas cafeeiras, com suas casas grandes e senzalas. Aqui não há sítios ou fazendas, há a “roça”, qualquer tamanho que seja.
Os tantos córregos e rios que irrigam toda a cidade como veias insistem em vazar nas baixadas durante as chuvas de verão, tomando ruas e residências, deixando muita gente sem conseguir voltar pra casa nos fins de tarde.
Há prédios salpicados aqui e ali, ainda perdidos num mar de casas grandes e espaçosas, que vão tomando o pé da serra no afã da expansão.
É danada de orgulho dos cidadãos que aqui nasceram. Pagu saiu daqui pra revolucionar o país com suas idéias. Também saíram daqui Guiomar Novaes e Badi Assad, entre outras figuras da cultura popular brasileira.
Pelo balcão do teatro Municipal, uma reprodução do prédio original lá na capital, já passaram grandes nomes. É de uma beleza gloriosa, carregando em cada tábua, em cada assento e balcão a cultura de um povo todo, que se apressa em apresentar ali, principalmente, os frutos de sua própria terra.

É uma terra de contradições... Há Audis e Mercedes, e há cavalos amarrados ao poste em frente ao bar, onde os caboclos vão ter sua prosa. Ali na esquina ouve-se a viola afinada no salão do barbeiro a tocar modinhas que todos acompanham. Dizem que o sujeito também canta, e até gravou um cd por esses tempos. É curiosa essa modernidade. Até uns anos atrás, o estacionamento do supermercado estampava um cartaz que dizia que “para chamar o elevador, aperte o botão”, enquanto as loções da Vitoria Secret estampavam as vitrines das lojas da avenida.
Das janelas das casas sente-se o cheiro do pão-de-queijo fresquinho com café passado agora, influências do passado ainda conservadas.
No mercadinho e na quitanda as contas vão amontoando-se para pagar no fim do mês, enquanto as roupas da butique podem ser levadas pra casa pra experimentar na frente do seu próprio espelho.
E entre uma particularidade e outra este povo hospitaleiro vai escrevendo sua história, até as próximas fogueiras de São João, quando a cidade se junta novamente pra festejar o Santo que zela, lá de cima dos balões e das nuvens, esta terra abençoada.

13 maio, 2008

Curtas, mas não grossas

Primeiro dia das mães! Ganhei um "mamã" com uma caixinha de patna branca e dois pézinhos vermelhos estampados na parte de cima. A diretora do berçário disse que ela foi a única que se matou de rir na hora de pintar os pés pra fazer o presente. Mãe orgulhoooosa!

*

Eu sei, vai parecer mórbido, mas a imagem mais marcante do domingo foi ver o gramado do cemitério, que normalmente é inteiro verde e sem lápides coberto de flores coloridas. Fiquei feliz pelas mães dos outros também.

*

Segunda no semáforo, o mocinho que vende balas deixa um pacotinho no retrovisor que dizia algo assim: "Imagine um cama quentinha, um cobertor confortável e uma soneca até mais tarde... pena que não dá pra vender de tudo, mas bala dá. Tenha um bom dia!" Nunca quis tanto ter um real!! Na falta do dinheiro cumprimentei o moço por ter me feito rir no meio do maior mal-humor matinal de inverno...

06 maio, 2008

Era uma casa muito engraçada...

só tinha teto, não tinha nada,
Ninguém podia entrar nela não,
pq a chave não tinha na mão.
Ninguém podia dormir mais na rede
pq não cabia mais nas paredes
Ninguém podia fazer pipi,
pq tampa de privada não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
no Morumbi
de frente pro cemitério

Vinicius que me perdoe, mas a casa é minha, eu canto como eu quiser!

De qualquer maneira, agora ela já tem tudo no lugarzinho, e projetos pra mais de ano, quando tivermos dinheiro de novo. Falta uma última e solitária caixa pra ser aberta e muitos itens agora inúteis pra vender ou doar. Só falta mesmo a rede, nossa rede preguiçosa, que não cabe na sala, ou em qualquer outro lugar que seja da casa. Um caso a ser pensado...

Maria Clara agora tem 3 dentes, muito parecida com o Chico Bento! Também fica com o jeito dele depois de uma tarde inteira se esfregando pela casa. Haja Omo! Se desse eu punha ela de molho também. E depois de muito ensaio, na semana do dia das Mães saiu o mãmã, mãmã, mãmã. Normalmente ele vem precedido de uma encrenca gigantesca, fome ou bronca do pai. A gente desconsidera e acha lindo mesmo assim.

Tempos de correria, frases pela metade, listas de por-fazer, job hunting, vacinação da filha e resfriado da mãe. Resistência baixa? Quem? Eu? Pq seria???

27 abril, 2008

A dor do parto

A mudança aconteceu há quase duas semanas. Chorei horrores. Chorei até pra me despedir da dona da quitanda.
Chorei principalmente ao ver a casa que foi o começo da nossa vida, de tantas histórias, causos e alegrias, tão vazia, tão tristinha.
São Pedro também chorou. Chorou tanto que quase que a mudança não sai de tanta chuva...
Mas deu tudo certo, e com exceção de um sofá úmido aqui e uma caixa molhada acolá, a vedete da mudança foi meu dedo do pé quebrado na topada com um gaveteiro. Saldo de um mês imobilizado, o que quer dizer que eu ainda não consegui curtir um banho sem saco plástico no pé desde que mudamos.
Assim, como a mulher do pé enfaixado e de um sapato só - o único que serve com a faixa, comecei com o pé direito manco nossa nova vida nova! Mas nada que o tempo não resolva. Afinal, o próprio médico disse que vai ficar tão bonzinho que dá até pra quebrar o dedinho de novo.
Hum, no thank you!!!

04 abril, 2008

Meninas do Brasil

Grande comoção se formou em torno da morte da menina de 5 anos na semana que se passou, o que trouxe à baila novamente o comportamento humano frente a tragédias de toda espécie.
Os canais de telejornalismo sensacionalista debruçaram-se sobe a história com sangue escorrendo pelos dentes dos exploradores das tragédias alheias. Como já havia acontecido com a cratera aberta pela construção da nova linha de metrô, dedicaram horas de programação com o destrinchamento do caso e quando nada mais havia a ser dito, começava-se tudo novamente, para os desavisados de plantão que ali estivessem passando.
Os culpados do caso, que ainda não foi concluído, como manda o bom procedimento penal, serão investigados, e apesar da sentença dos populares que se encontram de plantão em frente à casa dos familiares, do prédio onde o crime aconteceu e da delegacia, já ter sido dada, a história continua nebulosa e intrigante. Ainda que não haja conclusão do caso, quiseram agredir os suspeitos.
Em outro canto do Brasil, com menos câmeras e helicópteros para acompanhar mandados de prisões, uma menina, menor de idade foi encarcerada com vinte e tantos homens por cerca de trinta dias e durante este tempo foi seguidamente estuprada, como provas cabais de corpo de delito e mais os testemunhos dos presos com quem ficou encarcerada, que confirmaram os abusos a que a garota se submeteu em troca de alimento.
A delegada que tinha conhecimento de todos estes atos e que ordenou a prisão da menina, por alguma coisa tão irrelevante comparada à pena a que ela foi submetida, não foi afastada, ou investigada e finalmente, enquanto os holofotes se recaiam na morte trágica da menina de São Paulo, uma coluna escondida no final da página do jornal do Metrô denunciava que 13 dos 25 juízes no Pará votaram por não processar administrativamente sua colega juíza de Abaetetuba que, ciente do fato descabido que ali acontecia, nada fez para que a menina dali saísse.
Onde estão os populares? Onde estão as câmeras? Onde estão as revoltas e as pichações? Não devia uma autoridade pública, responsável pela lei e pela ordem ser julgada com igual severidade? É o Pará ainda terra de ninguém onde manda quem pode e obedece quem tem juízo? Porque ela é pobre, sabe-se lá iletrada, e não tem orkut?
Estas são duas meninas do Brasil. Uma morta em circunstâncias ainda duvidosas, e outra ainda viva para carregar para o resto da sua vida nada glamurosa os traços da violência que se sabe, e é provado, que sofreu. Como elas há outras tantas não noticiadas em rede nacional.
Se tivéssemos o mesmo afã para lutar pelas mazelas de nosso país sem lei e sem ordem quanto temos pra rapidamente julgar e condenar as tragédias familiares, não viveríamos segundo a lei em que o poder político de autoridades corruptas e irresponsáveis garantem o silêncio nos noticiários e a impunidade dos culpados.

31 março, 2008

O lixo do luxo

O que é luxo pra você?
É algo que você pode comprar ou algo que você pode fazer?
Eu tenho notado o quanto de lixo os artigos de luxo produzem. É plástico pra embalar outro plástico pra embalar outro plástico. Pra que tanto plástico? Pra ir pro lixo?
Na luta desenfreada pela higiene esterilizada acabamos cada vez mais vulneáveis a organismos com os quais não temos mais contato.
Assitindo estes dias o tal do Jamie Oliver fazer os famosos pratos deles na cozinha de casa, ouvi dele que um pouco de sujeira faz bem. As verduras colhidas no quintal da própria casa onde o show é gravado são passadas na água e pronto.
Agora vivendo a fase de filha-que-põe-tudo-o-que-vê-na-boca tive que me acostumar com um pouco de sujeira a mais, mas não, não deixo ela lamber as minha Havaianas como ela gostaria. Eca! Em compensação o fio da televisão, o celular e a cordinha da cortina devem ter gosto de chocolate, pois são devorados com uma avidez impressionante. Devidamente supervisionada, vou avisando, pra não acabar se enrolando pelo pescoço e a brincadeira virar tragédia.
Ironia das ironias, acabamos nós adultos não comedores de cordinhas de cortina pegando uma baita virose, ou salmonella, este fim de semana e devolvemos tudo rapidinho e em doses nada homeopáticas à mãe natureza, enquanto a comedora de fios pulava impávida sobre o que tinha restado de nós.
Luxo pra mim hoje é poder ter saúde e paz de espírito pra mim e pra minha família.
Que não precisam e nem devem ser embaladas em plástico.

Just another day

O sol amanhece na cidade e já estamos em pé. Mais em pé do que estaríamos na roça. Nos quatro anos de interior nunca dormimos tanto.
Na verdade essa coisa de interior é coisa de paulistano, sabe?
Existe São Paulo e todo o resto é interior e inominado, pro desespero e revolta dos Campineiros, que não se consideram nem um pouco interioranos.
O fato é que o “interior” tem nomes. Diversos, vários, ricos de cultura e lazer, que os paulistanos desarvorados pelo trânsito e o mundo de pedra do qual vive cercado vai procurar nos fins de semana. É como o turista americano de camisa havaiana no meio da Avenida Paulista, de guia na mão e destoando do cenário.
É verdade também que o nosso movimento é contrário da maioria, que está fugindo disso tudo aqui. O ato, no entanto, foi pensado. Não temos como fugir, no momento, e algumas coisas que precisamos só podemos encontrar aqui.
Então fizemos um acordo com a cidade: se ela nos tratar bem durante os cinco dias de branco, deixamos ela em paz nos outros dois remanescentes e vamos caçar o verde que antes ficava ali no quintal de casa. Vamos de mapa na mão e camisa havaiana, descansar como forasteiros na paz dos outros.

24 março, 2008

My so called life


Sim, tenho sido relapsa com meus amigos, meu blog, minha vida de maneira geral.
Espero que a foto acima dê um pouco da dimensão das coisas. Tá certo que desde que ela foi tirada, os quadros já não estão mais na parede, as caixas estão lotadas, as colchas foram guardadas e nada mais está onde um dia esteve.
Desde que seja por pouco tempo, dá pra aguentar.

18 março, 2008

On and on and on and on

Como nova assumida escrava do rádio do meu carro, voltei a ser uma pessoa interada dos problemas do mundo e agora me pergunto pq eu estava sofrendo tanto em não acompanhar tanta asneira...
També com muito pouco esforço, caminho para me tornar uma pessoa muito menos simétrica, com o braço direito avantajado pelo levantamento de Maria Clara e a perna esquerda cada vez mais desenvolvida pelo anda e pára do infernal trânsito paulistano.
Mas other than that, a vida vai em caixas, e nós vamos sobrevivendo em 40 m² de improviso muito caramente pagos.
A Páscoa vai ser sem bacalhau, com algum chocolate e com muita papinha de nenê. Esta que na véspera de completar sete meses escorou no sofá, ajoelhou e ficou em pé. Tentei explicar pra ela que ela não tinha idade pra isso, mas ela não me deu ouvidos. Prelúdio de um futuro bastante independente...

06 março, 2008

Yes, nós temos internet!!

Finalmente conectados com o mundo, voltamos, agora semi-paulistanos. O apartamento ainda não foi liberado, e enquanto isso ficamos com a casa da roça e uma habitação temporária num micro-flat em Moema/Itaim/wherever... Achamos por bem ter um lugar nosso pra espalhar bagunça e criança (e bagunça da criança, que não é pouca) para o bem de todos e a manutenção das relações familiares;

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Até o momento já xinguei imobiliárias, bancos governamentais e tabelionatos 15.367.548 vezes. Até o final da mudança este número tende a aumentar...

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Pra quem veio de uma casa, sobrado, eu me pergunto por que cargas d'água alguém compra um apto duplex... Como eu tenho visto eles pipocarem cada vez mais, entendo que a procura existe. Mas me digam, pq alguém pode querer sair da cama de madrugada e ir até a cozinha no andar de baixo fazer mamadeira, pegar água, buscar o celular que esta tocando (a qualquer hora do dia neste caso)??? Sei não, viu...

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Minha filha que já engatinha, lambe fios de telefone e quer comer minhas Havaianas novas a todo custo tem me feito uma pessoa melhor... Ao menos eu, destra de nascença, tenho me tornado uma exímia canhota nos afazeres domésticos enquanto seguro a furacãozinha com a outra mão.

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Trabalho, filha, marido, tempo pra mim mesma... Alguém consegue balancear esta equação de 5º grau? Ou melhor 4º... E quanto custa?

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Um bom fim-de-semana a todos, pois o meu vai ser aqui!