30 março, 2010

Tal mãe...

Domingo no sofá:

"Honey, traz uma xícara de café pra mim!"
"Honey, traz a minha mamadêla..."

Mil vontades de morder!!

Que vida é essa?

Um dos efeitos colaterais da vinda da minha irmã pra morar comigo enquanto o apartamento que eles compraram não desocupa é que ela, noveleira de plantão, acabou proporcionando que eu assistisse finalmente um capítulo inteiro da aberração da novela das 8.
Vamos começar pelo básico e explicar o que todo mundo já sabe:
- Todo mundo é rico, muito rico, e feliz;
- Os empregados são felizes e lindos, e moram em casas maiores que a classe média... todos eles;
- No centro de reabilitação todos os cadeirantes e os fisioterapeutas tomam Prozac, como todo mundo mais na novela. Os diálogos são completamente inverossímeis;
- Todo marido rico come a empregada, ou mais que uma, no caso do Zé Mayer, pq ele é o protagonista;
Agora vamos aos detalhes:
- Arquiteto trabalha de gravata;
- Advogado trabalha sem gravata;
- Médica de hospital trabalha de sandália de salto alto;
- Médico de hospital de elite pega empréstimo de banco pra fazer pós graduação (e um merchan pro banco em questão);
- A protagonista sempre sai do banho embrulhada na toalha porém sem se enxugar, pingando água pela casa inteira, e deita na cama ensopada, pra justificar uma única frase depois de um diálogo sem química com o mocinho, pra ele poder enxugá-la...

Tem mais, mas agora eu não estou lembrando...

Ou aparece um alien ou mutante logo nessa novela ou vão começar a pensar que isso de fato é a vida real!

Ó, raios!


Considerando que tempestades já são lugar-comum em São Paulo, dizer que o número de raios é absurdamente alto não seria nenhum espanto.
Como eu moro de frente para um cemitério, as árvores ali são alvo certo para correntes elétricas procurando um canto pra aterrar... Não raro também encontramos pelo Morumbi pós-chuva uma árvore partida ao meio. O dito espetáculo de som e fúria.
Dias de chuva ultimamente parecem mais um filme do Harry Potter!

18 março, 2010

Estilo não se discute...

Quelinhu da páscua
qui tázis pa mim
Um ovu, dois ovus, têis ovus saci
Quelinho da páscua qui côi ele tem
Azul, amalelu e zemêio tamém!


Agora imagina essa música singela cantada pelo vocalista do Metallica?! É essa a versão que filhota anda entoando pela casa, com voz grossa e tudo. É de c-h-o-r-a-r de rir!!

17 março, 2010

E la nave va!


A vida segue e o tempo é uma benção!
Assim, as tempestades vão ficando pra trás e mares agradáveis nos aguardam.

09 março, 2010

Yo no creo en las brujas, pero...

Sábado amanheceu chovendo. Muito! Fiquei na dúvida se devia mesmo me arrastar pra fora de casa... Acabei me demorando mais do que devia e na volta peguei o caminho mais curto até em casa, e não o caminho de sempre, pois além de tudo estava livre, pois outras pessoas, mais inteligentes que eu, ficaram em casa curtindo a chuva pela janela.
Na ladeira que beira a favela, o carro da minha frente para de repente, desacelero notando que alguma coisa está estranha. Ouço uma explosão e tudo o que eu consigo pensar é na dúvida se estou no meio de uma guerra de tráfico, se lançaram uma bomba ou pior, se foi um tiro. Enquanto acelero como louca tentando sair dali vejo o vidro do meu carro estilhaçado e começo a procurar se alguma coisa me atingiu, se há sangue em algum lugar, enquanto continuo acelerando na subida da ladeira, na contramão, pra sair dali o quanto antes. Quando chego na avenida vejo que minha bolsa sumiu pelo buraco da janela. Foram 5 segundos, se tudo isso. Um menininho de do máximo 14 anos... O barulho da explosão do vidro, felizmente com insulfilme, o que garantiu entre outras coisas a minha integridade física, está até agora ecoando na minha cabeça. O policiamento ostensivo da região durante a semana só foi achado naquele dia no postinho do lado de casa.
Passei a tarde entre telefonemas para bancos, seguradoras e o DP da região pra não ser novamente assaltada pelas taxas de segundas vias de todos os documentos.
Perdi pouco dinheiro, mas muitos itens muito mais caros, de coração, que ali estavam. Entre um álbum de fotos da família, o caderninho onde eu registrava as peripécias diárias da minha filha e os pen drives, com trabalho e mais fotos, perdi também um pouco mais de fé no ser humano. E muito da minha vontade de sair de casa...
Só fui chorar mesmo a noite, quando a ficha caiu... Ainda estou sem lenço nem documentos, só tenho mesmo é vontade de levantar acampamento daqui.

05 março, 2010

Since feeling is first ou A sintaxe das coisas

Eu "trombei" com um pedaço deste poema há mais de dez anos e nunca consegui compreender totalmente o que aquela frase queria dizer. Fiquei com o enigma por anos na minha cabeça, até que achei o poema inteiro.
ee cummings é assim, com palavras lindas, mas estética e pontuação peculiares, que deixam a gente pensando...

Que bom, porque se não tivesse tido impacto nenhum, eu teria perdido essa coisa linda aqui:


since feeling is first
who pays any attention
to the syntax of things
will never wholly kiss you;
wholly to be a fool
while Spring is in the world

my blood approves,
and kisses are a better fate
than wisdom
lady i swear by all flowers. Don't cry
—the best gesture of my brain is less than
your eyelids' flutter which says

we are for each other: then
laugh, leaning back in my arms
for life's not a paragraph

And death i think is no parenthesis


A tradução, a que achei melhor de todas, encontrei aqui:

Uma vez que sentir é fundamental,
quem presta atenção à sintaxe das coisas
nunca conseguirá beijá-la por inteiro,
ou ser um tolo completo
enquanto houver primavera
meu sangue aprova
e beijos são uma ventura melhor
que a sabedoria, moça,
juro isso por todas as flores.
não chore, o melhor gesto de meu cérebro
é menor que o abrir e fechar de seus olhos
que dizem que somos um para o outro
por isso, ria, recostada em meus braços,
pois a vida não é um parágrafo
e a morte, acredito, não é um parêntesis.


Um bom findisemana a todos!

04 março, 2010

Pinceladas do dia-a-dia - parte II

Chegamos em casa a noite e ela vem pedir:


- Pai, ábi a zêladera pa mim. Eu tô morrenu com fome!


***

Estaciono na garagem do prédio e desligo o motor.

- Acabô a pilha do carro, mãe??
***

Na recepção do consultório, ela para em silêncio meditativo:

- Mãe, eu fiz um pum...

- (...) 

- Mãe, tem mais pum pra fazê!




Na falta de alternativas eu suspiro, enquanto o resto da sala cai na gargalhada até então contida...