Saí sozinha pela cidade iluminada, imersa nos meus pensamentos e nas milhares de luzes que circundam as árvores da avenida.
As pessoas que se enfiam nas suas tocas em dias de inverno e de chuva existem e estão por toda parte, como se se multiplicassem a cada dia que se aproxima do Natal.
Há concertos todo dia no Teatro. Ontem especialmente a Orquestra de Sopro da cidade deu um show de música popular, educando os ouvidos menos treinados, e flertou com os clássicos de todos os tempos, alegrando os iniciados no assunto.
Voltei pra casa com a alma mais leve, cantando hinos de Natal dedilhados nas flautas e trompetes que me levaram de volta à minha infância. Aos preparativos da ceia na casa da minha avó, que agregava todo recém chegado à família como se sempre àquele lugar ele pertencesse.
Assim foram chegando os maridos e esposas, noivos e namoradas que acabaram somando os sessenta e tantos membros que somos hoje. Os frangos já não cabem em um único forno e as receitas de família são feitas aos pares para que cheguem a todos. As crianças já não circundam a mesa enquanto as mães preparam a maionese.
Mas ainda enfeitamos o salão juntos, ainda fazemos a prece da ceia de mãos dadas, ainda acreditamos que algo melhor virá depois de tudo isso, mesmo no escuro da meia noite.
Ainda nos alegramos de nos encontrar ainda que seja menos do que costumávamos e ainda que estejamos começando a perder as contas dos novos rebentos que engordam a prole a cada ano.
Gosto do natal no verão. Talvez gostasse do Natal com neve, mas nasci aqui, com árvores de mentirinha e o sol na cara, durante o casamento da minha tia, uma semana antes do Natal.
Por isso me parecer tão familiar, afinal foi uma das primeiras coisas que experimentei neste mundo.
E continuo curtindo, a cada ano, como se fosse o primeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário