28 novembro, 2006
Modern-idades
Meu afilhado emprestado (do meu marido) de 4 anos pede pra ouvir música no computador.
Coloco Milton Nascimento, e coloco o fone de ouvido nele.
Ele ouve um pouco e me diz:
“Não tia Calol, põe uma música radical!!! Essa não é radical.”
Ok, então vamos de Led Zeppelin, mesmo.
E eu aqui achando que rock fosse coisa de adolescente...
Coloco Milton Nascimento, e coloco o fone de ouvido nele.
Ele ouve um pouco e me diz:
“Não tia Calol, põe uma música radical!!! Essa não é radical.”
Ok, então vamos de Led Zeppelin, mesmo.
E eu aqui achando que rock fosse coisa de adolescente...
22 novembro, 2006
A outra fome do mundo
Saiu em todas as capas de revista, foi comentado em todos os jornais. E despertou fantasmas adormecidos dentro de mim.
O escândalo das meninas anoréxicas que morreram na última semana vítimas dos novos padrões do mundo da moda trouxe de volta a minha batalha pessoal para colocar a cabeça nos eixos depois de uma luta silenciosa contra o mesmo problema, apesar de que não nas mesmas proporções.
Tudo começa devagar e quando você vê perdeu o controle sobre aquilo.
A idade é sempre essa, adolescência, onde você é a opinião que os outros têm de você, onde a andança em manadas faz com que as meninas se vistam iguais, falem iguais, façam tudo igual.
Com dezesseis anos fui morar fora de casa, e fora do país, com uma bolsa de estudos. Eu comparo esta experiência a nascer de novo. Principalmente naquela época quando uma carta demorava de sete a dez dias pra chegar ao seu destinatário, onde a conversa em tempo real era feita única e exclusivamente pelo telefone, onde dava pra ver os cifrões correndo junto com o diálogo. Tudo era novo, a casa, as pessoas, a língua, praticamente como nascer de novo.
Na fase de adaptação acabei afogando as minhas mágoas na comida. As dificuldades e os medos também. Comia compulsivamente, comia escondido, comia tudo que aparecia na frente. E quando vi tinha ganhado dez novos quilos em dois meses, se tudo isso.
Até então eu sempre fui do mesmo tamanho. Sempre. Nem um quilo a mais ou a menos. Na minha família ninguém é obeso, nem tem tendência para isso. Então acho que eu nunca havia pensado no assunto até as minhas calças aumentarem para 44.
Tudo acabou contribuindo para que eu fizesse o caminho de volta. O fato de não me reconhecer mais no meu corpo, o estilhaço que as estrias faziam a cada quilo novo, os comentários das pessoas.
Comecei elaborando um plano de dieta, mas eu sentia fome. Na verdade eu sentia ansiedade, mas ainda não sabia disso. Então caminhei até a farmácia e comprei um inibidor de apetite, que era vendido sem receita alguma, pendurado nas prateleiras como cotonetes. Tomava escondido e fui perdendo peso. Até aí ainda não havia tanto problema. O problema é que em algum lugar do caminho, que você não sabe identificar exatamente, a meta de perder 8 quilos vira a meta de perder mais 2 e mais 2 e mais 2. E você simplesmente não sabe a hora de parar. Então começam os outros sintomas e a vida que você comanda passar a ter controle sobre você. A sua vida gira em torno daquilo e nada mais.
Eu lembro de mentir que já tinha jantado pra não ter que comer. Eu lembro de reduzir as minhas refeições pra míseras 800 calorias, que é menos da metade que um ser humano saudável deve ingerir diariamente. Entre outras coisas fazia exercícios freneticamente e quando as pessoas começaram a achar que era demais, comecei a fazer exercícios escondida. Tinha horror a festas, pois tudo girava em torno da comida, e a comida, neste grau do problema é vista como inimiga, como uma coisa ruim. Ainda assim o espelho dos olhos não vê a verdadeira imagem que está refletida. É como deixar de enxergar direito, é uma distorção da própria imagem que hoje eu não consigo mais entender como acontecia.
E apesar de tudo, a fome passa a dar prazer, a pele grudada no osso dá prazer. Mórbido, mas dá.
Não perdi tanto peso assim. Apesar disso foram quatorze quilos, e levando em conta que eu já era magra no começo do processo, eu estava esquálida ao final.
Tive desidratação, febre alta, não tinha força pra subir as escadas, mas voltei pra casa antes que pudesse ficar pior.
Minha menstruação simplesmente não se manifestou durante este tempo, mostrando que realmente as coisas não estavam bem e agravando um distúrbio hormonal com o qual vou ter que lidar o resto da minha vida.
Voltei ao meu peso normal, ganhei mais peso, perdi mais peso. Fiz terapia, nutricionista. Foram cinco anos até que eu finalmente me desse alta deste quadro que acabou sendo acompanhado por outros adjacentes no caminho, mas que é assunto pra outra história.
Mas o mais importante foi que em algum momento eu percebi, graças à iniciativa também de um professor na época que foi o primeiro a nos mostrar um filme sobre anorexia, que havia algo de errado.
Nem todas conseguem enxergar, parar, nem todas têm pessoas para ajudá-las neste processo. Pelo menos na indústria da moda é o contrário que se vê. O que me gerou uma revolta sem tamanhos ao ver em plena televisão brasileira o Clodovil criticar bestamente uma menina com anorexia que ele entrevistava falando que isso era frescura, pois tantas meninas queriam ser magras e ela estava reclamando à toa. Para mim equivale a falar para uma pessoa à beira de um precipício: “então pula”.
Este assunto é sério e deve ser tratado como tal.
Nem todo magro é anoréxico, mas a perda de peso excessiva e rápida deve ser analisada como doença, como já faziam nossos antepassados, para que mais meninas não precisem morrer para mostrar que nossos padrões estão como os espelhos delas: distorcidos.
O escândalo das meninas anoréxicas que morreram na última semana vítimas dos novos padrões do mundo da moda trouxe de volta a minha batalha pessoal para colocar a cabeça nos eixos depois de uma luta silenciosa contra o mesmo problema, apesar de que não nas mesmas proporções.
Tudo começa devagar e quando você vê perdeu o controle sobre aquilo.
A idade é sempre essa, adolescência, onde você é a opinião que os outros têm de você, onde a andança em manadas faz com que as meninas se vistam iguais, falem iguais, façam tudo igual.
Com dezesseis anos fui morar fora de casa, e fora do país, com uma bolsa de estudos. Eu comparo esta experiência a nascer de novo. Principalmente naquela época quando uma carta demorava de sete a dez dias pra chegar ao seu destinatário, onde a conversa em tempo real era feita única e exclusivamente pelo telefone, onde dava pra ver os cifrões correndo junto com o diálogo. Tudo era novo, a casa, as pessoas, a língua, praticamente como nascer de novo.
Na fase de adaptação acabei afogando as minhas mágoas na comida. As dificuldades e os medos também. Comia compulsivamente, comia escondido, comia tudo que aparecia na frente. E quando vi tinha ganhado dez novos quilos em dois meses, se tudo isso.
Até então eu sempre fui do mesmo tamanho. Sempre. Nem um quilo a mais ou a menos. Na minha família ninguém é obeso, nem tem tendência para isso. Então acho que eu nunca havia pensado no assunto até as minhas calças aumentarem para 44.
Tudo acabou contribuindo para que eu fizesse o caminho de volta. O fato de não me reconhecer mais no meu corpo, o estilhaço que as estrias faziam a cada quilo novo, os comentários das pessoas.
Comecei elaborando um plano de dieta, mas eu sentia fome. Na verdade eu sentia ansiedade, mas ainda não sabia disso. Então caminhei até a farmácia e comprei um inibidor de apetite, que era vendido sem receita alguma, pendurado nas prateleiras como cotonetes. Tomava escondido e fui perdendo peso. Até aí ainda não havia tanto problema. O problema é que em algum lugar do caminho, que você não sabe identificar exatamente, a meta de perder 8 quilos vira a meta de perder mais 2 e mais 2 e mais 2. E você simplesmente não sabe a hora de parar. Então começam os outros sintomas e a vida que você comanda passar a ter controle sobre você. A sua vida gira em torno daquilo e nada mais.
Eu lembro de mentir que já tinha jantado pra não ter que comer. Eu lembro de reduzir as minhas refeições pra míseras 800 calorias, que é menos da metade que um ser humano saudável deve ingerir diariamente. Entre outras coisas fazia exercícios freneticamente e quando as pessoas começaram a achar que era demais, comecei a fazer exercícios escondida. Tinha horror a festas, pois tudo girava em torno da comida, e a comida, neste grau do problema é vista como inimiga, como uma coisa ruim. Ainda assim o espelho dos olhos não vê a verdadeira imagem que está refletida. É como deixar de enxergar direito, é uma distorção da própria imagem que hoje eu não consigo mais entender como acontecia.
E apesar de tudo, a fome passa a dar prazer, a pele grudada no osso dá prazer. Mórbido, mas dá.
Não perdi tanto peso assim. Apesar disso foram quatorze quilos, e levando em conta que eu já era magra no começo do processo, eu estava esquálida ao final.
Tive desidratação, febre alta, não tinha força pra subir as escadas, mas voltei pra casa antes que pudesse ficar pior.
Minha menstruação simplesmente não se manifestou durante este tempo, mostrando que realmente as coisas não estavam bem e agravando um distúrbio hormonal com o qual vou ter que lidar o resto da minha vida.
Voltei ao meu peso normal, ganhei mais peso, perdi mais peso. Fiz terapia, nutricionista. Foram cinco anos até que eu finalmente me desse alta deste quadro que acabou sendo acompanhado por outros adjacentes no caminho, mas que é assunto pra outra história.
Mas o mais importante foi que em algum momento eu percebi, graças à iniciativa também de um professor na época que foi o primeiro a nos mostrar um filme sobre anorexia, que havia algo de errado.
Nem todas conseguem enxergar, parar, nem todas têm pessoas para ajudá-las neste processo. Pelo menos na indústria da moda é o contrário que se vê. O que me gerou uma revolta sem tamanhos ao ver em plena televisão brasileira o Clodovil criticar bestamente uma menina com anorexia que ele entrevistava falando que isso era frescura, pois tantas meninas queriam ser magras e ela estava reclamando à toa. Para mim equivale a falar para uma pessoa à beira de um precipício: “então pula”.
Este assunto é sério e deve ser tratado como tal.
Nem todo magro é anoréxico, mas a perda de peso excessiva e rápida deve ser analisada como doença, como já faziam nossos antepassados, para que mais meninas não precisem morrer para mostrar que nossos padrões estão como os espelhos delas: distorcidos.
20 novembro, 2006
Memórias – parte I
Foi mais ou menos assim:
Sábado chegou e os amigos de São Paulo vieram pro “findisemana” na roça. Como tinha baile beneficente para angariar dinheiro para o hospital acabamos comprando quatro convites e lá fomos nós.
Vira e mexe eu acabo, junto com as minhas amigas e amigos, freqüentando lugares que ficam gravados na retina da pessoa anos após o acontecido, do tipo bailão de CTG, pagode de periferia, festa de rodeio e agora, pra se juntar à categoria de “festa estranha com gente esquisita”, um autêntico baile da saudade!
Não que eu nunca tivesse ido a um desses, mas a última vez que eu me lembre eu tinha uns sete anos de idade e ia acompanhar o meu vô e a minha vó nos tais bailes do Sesc em plena matinê.
Para os leigos no assunto um Baile da Saudade reúne viúvos, viúvas, desquitados e pessoas procurando companhia pra dançar, se divertir ou viver uma nova história de amor. Ou simplesmente casais de senhores e senhoras que querem resgatar os velhos tempos.
Trilha sonora: esta é a parte principal que faz a coisa ser tão característica. Para um bom Baile reúna todas as canções do Roberto Carlos pós-jovem guarda e pré-Acústico MTV. Acrescente uma pitada de Luis Miguel e todos os outros boleros já gravados na face da terra. Adicione um ou outro sambinha, mas nada que esteja na última moda. Pra terminar, Frank Sinatra com ‘New York, New York’ para dar o toque final.
Coloque um tecladista (mas teclado bom, daqueles que já vem com o som de todos os outros instrumentos) e um cantor de terno branco e gravata borboleta pra tocar.
Para dar dinâmica na coisa (e essa foi a minha parte favorita), coloque vários meninos novinhos, bonitinhos, arrumadinhos na sua roupinha preta básica para tirar as senhouras solitárias pra rodar pelo salão. Achei de uma gentileza sem tamanho e vislumbrei que, caso eu vire uma senhoura solteirona algum dia na minha vida, nem tudo está perdido... Não vi se tinha a versão feminina dos moçoilos, mas com a proporção de 7 mulheres pra cada homem presente acho que seria uma deselegância.
Pagamos os convites, mais duas cocas, mais uma água, duas danças e com a nossa beneficência cumprida rumamos pra casa. Eu, sinceramente, tendo música “dançável”, agüentava mais um pouco, mas meu público já estava apoiando o segundo cotovelo na mesa, então achei por bem dançar conforme a música deles.
As visitas prometeram que vão voltar a nos visitar depois disso.
Eu acho melhor esperar pra ver.
Sábado chegou e os amigos de São Paulo vieram pro “findisemana” na roça. Como tinha baile beneficente para angariar dinheiro para o hospital acabamos comprando quatro convites e lá fomos nós.
Vira e mexe eu acabo, junto com as minhas amigas e amigos, freqüentando lugares que ficam gravados na retina da pessoa anos após o acontecido, do tipo bailão de CTG, pagode de periferia, festa de rodeio e agora, pra se juntar à categoria de “festa estranha com gente esquisita”, um autêntico baile da saudade!
Não que eu nunca tivesse ido a um desses, mas a última vez que eu me lembre eu tinha uns sete anos de idade e ia acompanhar o meu vô e a minha vó nos tais bailes do Sesc em plena matinê.
Para os leigos no assunto um Baile da Saudade reúne viúvos, viúvas, desquitados e pessoas procurando companhia pra dançar, se divertir ou viver uma nova história de amor. Ou simplesmente casais de senhores e senhoras que querem resgatar os velhos tempos.
Trilha sonora: esta é a parte principal que faz a coisa ser tão característica. Para um bom Baile reúna todas as canções do Roberto Carlos pós-jovem guarda e pré-Acústico MTV. Acrescente uma pitada de Luis Miguel e todos os outros boleros já gravados na face da terra. Adicione um ou outro sambinha, mas nada que esteja na última moda. Pra terminar, Frank Sinatra com ‘New York, New York’ para dar o toque final.
Coloque um tecladista (mas teclado bom, daqueles que já vem com o som de todos os outros instrumentos) e um cantor de terno branco e gravata borboleta pra tocar.
Para dar dinâmica na coisa (e essa foi a minha parte favorita), coloque vários meninos novinhos, bonitinhos, arrumadinhos na sua roupinha preta básica para tirar as senhouras solitárias pra rodar pelo salão. Achei de uma gentileza sem tamanho e vislumbrei que, caso eu vire uma senhoura solteirona algum dia na minha vida, nem tudo está perdido... Não vi se tinha a versão feminina dos moçoilos, mas com a proporção de 7 mulheres pra cada homem presente acho que seria uma deselegância.
Pagamos os convites, mais duas cocas, mais uma água, duas danças e com a nossa beneficência cumprida rumamos pra casa. Eu, sinceramente, tendo música “dançável”, agüentava mais um pouco, mas meu público já estava apoiando o segundo cotovelo na mesa, então achei por bem dançar conforme a música deles.
As visitas prometeram que vão voltar a nos visitar depois disso.
Eu acho melhor esperar pra ver.
17 novembro, 2006
Hoje
Hoje falta um mês pro meu aniversário. O último da década “dos 20” antes de estrear a comissão de frente do número 3!
Hoje faz três anos que a gente veio parar aqui! Que a gente largou tudo que a gente conhecia e foi começar de novo. Emprego novo, amigos novos, casa nova, vida nova.
Hoje faz dois meses que eu mudei de emprego, de vida, de conceito, de realidade.
Hoje eu sou grata por cada um dos dias até aqui.
E que venham os próximos!
14 novembro, 2006
Day After
11 novembro, 2006
As bruxas estão soltas
Enquanto bêbada que estou preciso contar...
Então que resolvemos ir ao melhor restaurante da cidade tomar umas garrafadas de vinho pra curar o frio que assola este meio de novembro. hic. Abrimos a porta do carro e um - hic - barulho estridente sai de dentro do restaurante. Há, hic, música ao vivo, com teclado e um cantor com voz de taquara rachada cantando "Robéééértaaaa ascoltami,ritorna ancor ti prego..." O nome do cantor? John Lennon!! hahahaha hic hahaha. Tô rindo até agora!
Daí que na volta vi dois piratas e um padre andando de carro na avenida. Uma odalisca e uma anja conversando na esquina da igreja, enquanto um poeta do século XVIII falava ao celular. Acho que vai ter festa a fantasia... Ou isso ou a minha ressaca amanhã vai ser braba. Hic!
Então que resolvemos ir ao melhor restaurante da cidade tomar umas garrafadas de vinho pra curar o frio que assola este meio de novembro. hic. Abrimos a porta do carro e um - hic - barulho estridente sai de dentro do restaurante. Há, hic, música ao vivo, com teclado e um cantor com voz de taquara rachada cantando "Robéééértaaaa ascoltami,ritorna ancor ti prego..." O nome do cantor? John Lennon!! hahahaha hic hahaha. Tô rindo até agora!
Daí que na volta vi dois piratas e um padre andando de carro na avenida. Uma odalisca e uma anja conversando na esquina da igreja, enquanto um poeta do século XVIII falava ao celular. Acho que vai ter festa a fantasia... Ou isso ou a minha ressaca amanhã vai ser braba. Hic!
09 novembro, 2006
Cotidiano...
Há dias que eu não sei o que me passa
Eu abro o meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão
(...)
Às vezes quero crer mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
Se foi pra desfazer, por que é que fez?
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão
Cotidiano nº 2
Vinícius de Moraes
Just for the record
Passei no meu primeiro vestibular em faculdade pública entre os primeiros alunos. Depois passei no Exame da Ordem na primeira tentativa. Passei nas duas pós que eu quis fazer, uma delas na USP. Passei no exame de motorista. Até em teste de sanidade eu já passei. Só não passo mesmo no tal do Beta-HCG...
01 novembro, 2006
O Patolinha
Acordaram no horário habitual para a lida da chacrinha que já somava umas tantas árvores coalhadas de frutas diversas. Faltava capinar um canto aqui e outro ali, onde o mato se esgueirava e insistia em aparecer.
Há algumas semanas chegaram os bichos: codornas, galinhas caipiras, outras d’angola, que logo foram trocadas por patos, por causa do barulho enlouquecedor que gerou a ira dos vizinhos mais próximos. Chácara urbana tem dessas coisas...
Patos alojados, laguinho instalado com rampa e tudo e começou a produção de ovos. Ovo de pata, de galinha de codorna. Ovo pra dar e vender, mas principalmente vender.
Nessa “fábrica de ovos” apenas uma galinha não botava. Independente dos esforços dos donos, vinha dia, passava dia e lá estava ela, ciscando ao léo na sua solidão desovada.
Eis que uma das patas deu de botar de uma só leva doze ovos e o dono da chacrinha resolveu “repartir” um pouco a prole, pra alegrar a gregos e troianos – ou seria a patas e galinhas?
Foi assim que a galinha desovada acabou por adotar o ovo da pata chocadeira. Passados alguns dias e a orgulhosa galinha-mãe ganhou para si um lindo e amado patinho-filho, um patolinha!
E lá foi a orgulhosa galinha-mãe a passear pela chacrinha com seu desajeitado rebento que, seguindo seu instinto natural, foi inaugurar seu primeiro dia de galinheiro... no laguinho!
Qual não foi o desespero da galinha-mãe ao ver a cena. Na índole protetora típica das mães, se prostrou à beira do laguinho batendo as asas e cacarejando em desespero de dar dó, sem saber se pulava pra salvar seu filhote e deixava ele órfão de mãe-galinha ou o que.
O que se sucedeu àquele dia nem Freud-galo poderá resolver...
Patolinha toma banho no laguinho todos os dias. Sai de lá pra refestelar-se na terra, banhando-se de poeira como todo bom frango deve fazer. Fica parecendo um tiçãozinho ao final de toda a romaria.
Galinha-mãe continua prostrada à beira do laguinho acompanhando os banhos do filho adotivo. Já não se descabela mais, ou melhor, não se despena... mas também não entende de maneira alguma aquele ritual masoquista.
Também, em suas ciscadas pelo terreiro vira e mexe acaba arremessando o pobre patolinha desavisado que a segue por todo canto, ao contrário de seus primos pintinhos que ficam instintivamente na frente de suas mães-galinhas enquanto chafurdam a terra.
São uma dupla e tanto, galinha-mãe e patolinha.
Um bom exemplo de que a natureza é sábia, e que nós é que bagunçamos o galinheiro.
Há algumas semanas chegaram os bichos: codornas, galinhas caipiras, outras d’angola, que logo foram trocadas por patos, por causa do barulho enlouquecedor que gerou a ira dos vizinhos mais próximos. Chácara urbana tem dessas coisas...
Patos alojados, laguinho instalado com rampa e tudo e começou a produção de ovos. Ovo de pata, de galinha de codorna. Ovo pra dar e vender, mas principalmente vender.
Nessa “fábrica de ovos” apenas uma galinha não botava. Independente dos esforços dos donos, vinha dia, passava dia e lá estava ela, ciscando ao léo na sua solidão desovada.
Eis que uma das patas deu de botar de uma só leva doze ovos e o dono da chacrinha resolveu “repartir” um pouco a prole, pra alegrar a gregos e troianos – ou seria a patas e galinhas?
Foi assim que a galinha desovada acabou por adotar o ovo da pata chocadeira. Passados alguns dias e a orgulhosa galinha-mãe ganhou para si um lindo e amado patinho-filho, um patolinha!
E lá foi a orgulhosa galinha-mãe a passear pela chacrinha com seu desajeitado rebento que, seguindo seu instinto natural, foi inaugurar seu primeiro dia de galinheiro... no laguinho!
Qual não foi o desespero da galinha-mãe ao ver a cena. Na índole protetora típica das mães, se prostrou à beira do laguinho batendo as asas e cacarejando em desespero de dar dó, sem saber se pulava pra salvar seu filhote e deixava ele órfão de mãe-galinha ou o que.
O que se sucedeu àquele dia nem Freud-galo poderá resolver...
Patolinha toma banho no laguinho todos os dias. Sai de lá pra refestelar-se na terra, banhando-se de poeira como todo bom frango deve fazer. Fica parecendo um tiçãozinho ao final de toda a romaria.
Galinha-mãe continua prostrada à beira do laguinho acompanhando os banhos do filho adotivo. Já não se descabela mais, ou melhor, não se despena... mas também não entende de maneira alguma aquele ritual masoquista.
Também, em suas ciscadas pelo terreiro vira e mexe acaba arremessando o pobre patolinha desavisado que a segue por todo canto, ao contrário de seus primos pintinhos que ficam instintivamente na frente de suas mães-galinhas enquanto chafurdam a terra.
São uma dupla e tanto, galinha-mãe e patolinha.
Um bom exemplo de que a natureza é sábia, e que nós é que bagunçamos o galinheiro.
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