Folheando minhas anotações da pós pra fazer a never-ending monografia, achei este desabafo perdido:
"Há muito ando quieta. Mas neste período de nudez literária ando pensando. Em tantas coisas quantas existem no mundo. E que momento melhor para passá-las para o papel se não no meio de uma aula de ...
Ando grávida, ando à flor da pele. O sol e a chuva são proporcionalmente influenciantes no meu bom e mau humor respectivamente.
Ouço o professor dizer que uma boa monografia é uma boa dúvida. Posso então escrever sobre a fome do mundo? A guerra dos homens? A empáfia dos governantes? Porque todos estes temas me geram dúvidas imensas. Dúvidas de começo, meio, e principalmente, de fim.
Duvido da honestidade dos homens e tenho, particularmente, dificuldade em aceitar as diferenças nos outros quando as minhas diferenças não são aceitas.
Novamente ouço o professor: 'independente da idéia que qualquer um de vocês possam ter tido, vocês não terão sido os primeiros a pensar nisso'.
Então por que ninguém até hoje achou respostas para as respostas que eu procuro?"
Hoje não estou mais grávida, me vesti de poesia, o sol veio pra ficar neste verão, tenho entendido um pouco mais das diferenças, mas as dúvidas....
29 novembro, 2007
26 novembro, 2007
In my dreams
22 novembro, 2007
Chacina
Hoje foi dia de chacina na vizinhança.
Fazendo nossa caminhada matinal recém re-instituída, demos de cara com Dona Bem-Te-Vi e toda a cambada de amigos pardais e passarinhos da vizinhança tentando proteger seu ninho de um tucano muito dos sem-vergonha que tentava comer os ovinhos.
Pra quem acha que tucanos só existem no Pantanal, aqui no leste de SP vira e mexe a gente cruza com um. E eles vivem dos ovinhos de outros pássaros, por isso, apesar do biquinho colorido e coisa e tal, o Sr. Tucano é na verdade um comedor de criancinhas!
E Dona Bem-Te-Vi foi a vítima do dia, pois ele mandou os dois ovinhos guela abaixo, debaixo (ou melhor, acima) de nossos olhos pro desespero meu e da passarada.
Eu sei que é coisa da natureza, "survival of the fittest", Darwin e etc., mas meu coração de mãe se compadeceu de Dona Bem-Te-Vi!
Tá aqui a foto do criminoso:
Quem souber do sujeito avisar as mães-passarinhas da região pra esconder bem seus ovinhos...
Fazendo nossa caminhada matinal recém re-instituída, demos de cara com Dona Bem-Te-Vi e toda a cambada de amigos pardais e passarinhos da vizinhança tentando proteger seu ninho de um tucano muito dos sem-vergonha que tentava comer os ovinhos.
Pra quem acha que tucanos só existem no Pantanal, aqui no leste de SP vira e mexe a gente cruza com um. E eles vivem dos ovinhos de outros pássaros, por isso, apesar do biquinho colorido e coisa e tal, o Sr. Tucano é na verdade um comedor de criancinhas!
E Dona Bem-Te-Vi foi a vítima do dia, pois ele mandou os dois ovinhos guela abaixo, debaixo (ou melhor, acima) de nossos olhos pro desespero meu e da passarada.
Eu sei que é coisa da natureza, "survival of the fittest", Darwin e etc., mas meu coração de mãe se compadeceu de Dona Bem-Te-Vi!
Tá aqui a foto do criminoso:

21 novembro, 2007
As vacas
Andei faxinando meus arquivos e achei esta crônica perdida por lá. Escrevi há uns quatro anos, mas pelo andar da carruagem, parece que foi ontem.

AS VACAS

Acabei de chegar em casa e tinham quatro vacas descendo o quarteirão. Desciam como se aquele território lhes pertencesse por direito. Desciam como se aquilo fosse absolutamente natural. Quatro vacas passeando pelo asfalto gélido de uma noite de inverno.
Parei o carro, desci e fui até a esquina para ter certeza de que eu não estava tendo uma alucinação.
E por que eu achei aquilo tão estranho? Afinal havia um fator contribuinte: eu morava na saída da cidade, onde várias chácaras e fazendas se empilhavam nas curvas da Serra da Paulista.
Mas ainda assim vários pensamentos me ocorreram. Imaginei as vacas caminhando pela estrada da serra, em direção à cidade, para um passeio corriqueiro, à luz da lua cheia. Imaginei as impressões das vacas com relação àquela paisagem tão entrevada de casas e asfalto, tão diferentes de seu habitat natural. Com carros velozes a fazer barulho e televisores em alto volume anunciando a novela das oito que já ia começar.
Provavelmente, o que as vacas despertaram em mim foi a necessidade de ver além do óbvio. De ver além do que nos parece normal quando não deveria ser, enquanto o que poderia ser normal nos salta aos olhos.
Afinal, é fácil ver quatro vacas passeando pelo asfalto, desacompanhadas no meio da noite. Porém temos gente morrendo de fome à nossa volta, crianças sem educação, pessoas roubando e enganando debaixo de nosso nariz, mas isso parece normal. E se não parece, estamos fazendo o possível para parecer.
A repetida mostra de violência que a televisão dá seu aval ao mostrar, faz com que cenas que deveriam ser para sempre desconcertantes se tornem óbvias e rotineiras.
E as vacas, tão alheias a esta nova paisagem que nos rodeia, se tornam a grande atração de quem tem cabeças rolando todo dia nos noticiários.
Parei o carro, desci e fui até a esquina para ter certeza de que eu não estava tendo uma alucinação.
E por que eu achei aquilo tão estranho? Afinal havia um fator contribuinte: eu morava na saída da cidade, onde várias chácaras e fazendas se empilhavam nas curvas da Serra da Paulista.
Mas ainda assim vários pensamentos me ocorreram. Imaginei as vacas caminhando pela estrada da serra, em direção à cidade, para um passeio corriqueiro, à luz da lua cheia. Imaginei as impressões das vacas com relação àquela paisagem tão entrevada de casas e asfalto, tão diferentes de seu habitat natural. Com carros velozes a fazer barulho e televisores em alto volume anunciando a novela das oito que já ia começar.
Provavelmente, o que as vacas despertaram em mim foi a necessidade de ver além do óbvio. De ver além do que nos parece normal quando não deveria ser, enquanto o que poderia ser normal nos salta aos olhos.
Afinal, é fácil ver quatro vacas passeando pelo asfalto, desacompanhadas no meio da noite. Porém temos gente morrendo de fome à nossa volta, crianças sem educação, pessoas roubando e enganando debaixo de nosso nariz, mas isso parece normal. E se não parece, estamos fazendo o possível para parecer.
A repetida mostra de violência que a televisão dá seu aval ao mostrar, faz com que cenas que deveriam ser para sempre desconcertantes se tornem óbvias e rotineiras.
E as vacas, tão alheias a esta nova paisagem que nos rodeia, se tornam a grande atração de quem tem cabeças rolando todo dia nos noticiários.
18 novembro, 2007
Tic-tac, tic-tac..
Essa combinação esdrúxula de ir pra casa da mãe com a cria debaixo do braço, trabalhar por lá e ainda tentar pôr o papo em dia com a família e os amigos me deixa meio zonza por uns dias quando eu volto.
Desta vez ainda teve um casamento junto.
Já faz três dias da volta e as malas ainda estão lá, intocáveis.
Preciso desfazê-las, preciso entregar todos os trabalhos com prazo estourado, preciso estocar leite pros dias de pós graduação... Preciso produzir leite primeiro.
Preciso descansar deste feriado!!!
Desta vez ainda teve um casamento junto.
Já faz três dias da volta e as malas ainda estão lá, intocáveis.
Preciso desfazê-las, preciso entregar todos os trabalhos com prazo estourado, preciso estocar leite pros dias de pós graduação... Preciso produzir leite primeiro.
Preciso descansar deste feriado!!!
31 outubro, 2007
De volta ao começo...

E pq é impossível a coexistência pacífica entre crenças diferentes, segue a explicação do site do Terra:
"As bruxas nada mais eram do que mulheres que conheciam e entendiam do emprego das ervas medicinais para a cura das enfermidades nos vilarejos onde viviam. Também estavam aptas a realizar partos e a preparar ungüentos medicinais.
Com o advento do Cristianismo, a era patriarcal acabou por imperar, até porque o Salvador era um homem. As mulheres foram colocadas em segundo plano e identificadas como objetos de pecado utilizados pelo diabo.
É claro que algumas mulheres rebelaram-se. Estas mulheres, dotadas de um poder espiritual - inclusive passado de mãe para filha -, começaram a angariar de novo o prestígio de outros tempos, e isto passou a incomodar o poder religioso. Como admitir que algumas mulheres podiam ser livres e que algumas pessoas respeitavam o que elas ensinavam? Para acusar uma mulher de bruxaria era muito fácil: bastava uma mulher casada perder a hora de despertar, que o marido a acusava de estar sonhando com o demônio.
Neste dia, essas mulheres homenageavam a deusa Gaia (terra) em sintonia com esse deus (fecundo) para obter cada vez mais conhecimento, gerar filhos saudáveis e criar entendimento entre os familiares."
É claro que algumas mulheres rebelaram-se. Estas mulheres, dotadas de um poder espiritual - inclusive passado de mãe para filha -, começaram a angariar de novo o prestígio de outros tempos, e isto passou a incomodar o poder religioso. Como admitir que algumas mulheres podiam ser livres e que algumas pessoas respeitavam o que elas ensinavam? Para acusar uma mulher de bruxaria era muito fácil: bastava uma mulher casada perder a hora de despertar, que o marido a acusava de estar sonhando com o demônio.
Neste dia, essas mulheres homenageavam a deusa Gaia (terra) em sintonia com esse deus (fecundo) para obter cada vez mais conhecimento, gerar filhos saudáveis e criar entendimento entre os familiares."
Por isso, Feliz Dia das Bruxas a todas as bruxas do mundo, pois como disse Rita Lee "só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão"!
30 outubro, 2007
Vamos lá...
E pra me tirar do marasmo em que eu andava, só uma idiotice deste tamanho.
"A desgraça humana começou no Éden, por causa da mulher (...). O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!"
A declaração vai mais além, mas eu não quero me delongar. Apenas responderia ao Meritissimo juiz Edilson Rodrigues, que absolveu um marido que espancava sua mulher, que Jesus só poderia ser homem, de fato, graças à imbecilidade de sujeitos como ele, que de outra maneira, e naquela época, teriam trancado Jesus numa cozinha qualquer, feito Ele parir uma dúzia de filhos e Ele teria ido embora muito antes dos 33 anos.
Não preciso nem discorrer da imprecisão história do digníssimo, que vê o mundo tão pequeno quanto a cabeça dele e não saberia jamais de civilizações diversas do fundo do quintal da casa dele, onde sabe lá Deus, o masculino, o que acontece!
Só agradeço por não seu a advogada na dita audiência, senão, a essas alturas meus amigos, vocês teriam que me visitar na cadeia!
"A desgraça humana começou no Éden, por causa da mulher (...). O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!"
A declaração vai mais além, mas eu não quero me delongar. Apenas responderia ao Meritissimo juiz Edilson Rodrigues, que absolveu um marido que espancava sua mulher, que Jesus só poderia ser homem, de fato, graças à imbecilidade de sujeitos como ele, que de outra maneira, e naquela época, teriam trancado Jesus numa cozinha qualquer, feito Ele parir uma dúzia de filhos e Ele teria ido embora muito antes dos 33 anos.
Não preciso nem discorrer da imprecisão história do digníssimo, que vê o mundo tão pequeno quanto a cabeça dele e não saberia jamais de civilizações diversas do fundo do quintal da casa dele, onde sabe lá Deus, o masculino, o que acontece!
Só agradeço por não seu a advogada na dita audiência, senão, a essas alturas meus amigos, vocês teriam que me visitar na cadeia!
04 outubro, 2007
Abstinências
Escrever e ler pra mim sempre foram atos meio compulsivos, como respirar. Não consigo parar voluntariamente.
Da respiração a bronquite asmática levou uma boa parcela durante a infância. Da escrita a correria da vida adulta me tira a inspiração... ou o tempo.
É que o processo da escrita é como encher um copo de sentimentos. Bons, ruins, quaisquer que sejam. Quando o copo transborda as palavras caem no papel dando corpo às idéias, às sensações.
Tenho dúvidas se alguém já escreveu alguma coisa realmente boa sem estar no mínimo perturbado. Todo bom escritor é louco, depressivo, ou algo mais que lhe tire a paz de espírito, que o leve a escrever.
O que só me faz considerar que escrevo mal porque sou normal demais. Porque já passei a adolescência, o puerpério, ando sem crises matrimoniais ou questões filosóficas mal resolvidas. Não fumo mais, bebo coisa alguma como lactante de primeiros meses e nunca usei drogas ilegais... eu acho.
Pensando bem, se eu ler repetidas vezes o parágrafo anterior talvez fique deprimida o suficiente pra escrever alguma coisa boa.
Vou tentar, depois conto no que deu.
Da respiração a bronquite asmática levou uma boa parcela durante a infância. Da escrita a correria da vida adulta me tira a inspiração... ou o tempo.
É que o processo da escrita é como encher um copo de sentimentos. Bons, ruins, quaisquer que sejam. Quando o copo transborda as palavras caem no papel dando corpo às idéias, às sensações.
Tenho dúvidas se alguém já escreveu alguma coisa realmente boa sem estar no mínimo perturbado. Todo bom escritor é louco, depressivo, ou algo mais que lhe tire a paz de espírito, que o leve a escrever.
O que só me faz considerar que escrevo mal porque sou normal demais. Porque já passei a adolescência, o puerpério, ando sem crises matrimoniais ou questões filosóficas mal resolvidas. Não fumo mais, bebo coisa alguma como lactante de primeiros meses e nunca usei drogas ilegais... eu acho.
Pensando bem, se eu ler repetidas vezes o parágrafo anterior talvez fique deprimida o suficiente pra escrever alguma coisa boa.
Vou tentar, depois conto no que deu.
28 setembro, 2007
Vê-las, velas...

Era uma poesia pendurada em um varal numa das bibliotecas da USP. O autor era aluno ou aluna de um curso de graduação, então não poderei dar os créditos devidos. Mas ficou gravada na minha memória... Não as palavras em si, mas o sentido dela. Uma poesia que eu me arrependo de não ter transcrito. Contava a história de uma moça que gostava de acender velas. E era recriminada pelas pessoas que diziam que não devia acendê-las pois elas atraiam os que já tinham ido dessa pro outro lado. E assim passou o tempo, e as pessoas sempre dizendo a mesma coisa, e ela apagando as velas... Até a chegada da velhice, e cada vez menos pessoas para recriminar, ou conversar, ou estar ali, que fosse... Então ela acendeu novamente as velas... pra poder ter companhia.
Tenho sentido vontade de acender velas...
Tenho sentido vontade de acender velas...
24 setembro, 2007
Parce que la vie n'est pas rose
"Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."
Não sei bem de quem é... emprestei de uma amiga, mas tenho precisado meditar a respeito...
Não sei bem de quem é... emprestei de uma amiga, mas tenho precisado meditar a respeito...
15 setembro, 2007
De amores e paixões
Voltei... em pleno sábado à noite, o que denota a minha situação de mãe nova.
Não tem sido assim sempre, não.
Clarinha já conheceu a estrada da vida, nossa vida mambembe.
Já conheceu também os grandes bailarinos do Cisne Negro em apresentação única no teatro da cidade. Com direito a lugar no balcão e tudo mais.
O que eu mais admiro no talento e, é claro, no esforço destes profissionais é fazer com que uma coisa sobrehumana de tão difícil pareça uma pluma a flutuar ao vento. Meus maiores respeitos e também frustração pela bailarina que eu não cheguei a ser.
Ando apaixonada, leve, feliz, com a sensação de ser infinita que só um filho traz (ainda que bastante resfriada...).
Por fim, empresto um trecho lindo de uma crônica roubada daqui:
O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira.
Não tem sido assim sempre, não.
Clarinha já conheceu a estrada da vida, nossa vida mambembe.
Já conheceu também os grandes bailarinos do Cisne Negro em apresentação única no teatro da cidade. Com direito a lugar no balcão e tudo mais.
O que eu mais admiro no talento e, é claro, no esforço destes profissionais é fazer com que uma coisa sobrehumana de tão difícil pareça uma pluma a flutuar ao vento. Meus maiores respeitos e também frustração pela bailarina que eu não cheguei a ser.
Ando apaixonada, leve, feliz, com a sensação de ser infinita que só um filho traz (ainda que bastante resfriada...).
Por fim, empresto um trecho lindo de uma crônica roubada daqui:
O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira.
27 agosto, 2007
De meios, fins e recomeços

Imagino o que me aguarda...
Andei filosofando desde que ela nasceu.
Andei nostálgica também. Relembrando amigos que estão longe, conversas memoráveis.
O descanso de tela do computador desfila fotos que tiramos desde que ingressamos no mundo digital, e outras tantas fotos antigas que se juntaram a estas pra nos lembrar do caminho que fizemos até aqui.
Este blog faz parte deste caminho.
We have come a long way, mas as prioridades agora exigem que eu me volte pra outros lados e eu não gostaria de me sentir na obrigação de atualizá-lo só por ter que fazê-lo.
Não vou encerrá-lo, só vou aparecer menos. Não vou parar de escrever, o que seria equivalente a parar de respirar pra mim, mas vou me ater às crônicas e textos que eu tenho tentado trabalhar.
Vou colecionar meus melhores momentos e fazer uma constelação de memórias pra não se apagar jamais.
Vou beber de outras fontes e quem sabe trazer novas histórias.
São tempos novos e eu preciso ir por aí vivê-los!
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