A mudança aconteceu há quase duas semanas. Chorei horrores. Chorei até pra me despedir da dona da quitanda.
Chorei principalmente ao ver a casa que foi o começo da nossa vida, de tantas histórias, causos e alegrias, tão vazia, tão tristinha.
São Pedro também chorou. Chorou tanto que quase que a mudança não sai de tanta chuva...
Mas deu tudo certo, e com exceção de um sofá úmido aqui e uma caixa molhada acolá, a vedete da mudança foi meu dedo do pé quebrado na topada com um gaveteiro. Saldo de um mês imobilizado, o que quer dizer que eu ainda não consegui curtir um banho sem saco plástico no pé desde que mudamos.
Assim, como a mulher do pé enfaixado e de um sapato só - o único que serve com a faixa, comecei com o pé direito manco nossa nova vida nova! Mas nada que o tempo não resolva. Afinal, o próprio médico disse que vai ficar tão bonzinho que dá até pra quebrar o dedinho de novo.
Hum, no thank you!!!
27 abril, 2008
04 abril, 2008
Meninas do Brasil
Grande comoção se formou em torno da morte da menina de 5 anos na semana que se passou, o que trouxe à baila novamente o comportamento humano frente a tragédias de toda espécie.
Os canais de telejornalismo sensacionalista debruçaram-se sobe a história com sangue escorrendo pelos dentes dos exploradores das tragédias alheias. Como já havia acontecido com a cratera aberta pela construção da nova linha de metrô, dedicaram horas de programação com o destrinchamento do caso e quando nada mais havia a ser dito, começava-se tudo novamente, para os desavisados de plantão que ali estivessem passando.
Os culpados do caso, que ainda não foi concluído, como manda o bom procedimento penal, serão investigados, e apesar da sentença dos populares que se encontram de plantão em frente à casa dos familiares, do prédio onde o crime aconteceu e da delegacia, já ter sido dada, a história continua nebulosa e intrigante. Ainda que não haja conclusão do caso, quiseram agredir os suspeitos.
Em outro canto do Brasil, com menos câmeras e helicópteros para acompanhar mandados de prisões, uma menina, menor de idade foi encarcerada com vinte e tantos homens por cerca de trinta dias e durante este tempo foi seguidamente estuprada, como provas cabais de corpo de delito e mais os testemunhos dos presos com quem ficou encarcerada, que confirmaram os abusos a que a garota se submeteu em troca de alimento.
A delegada que tinha conhecimento de todos estes atos e que ordenou a prisão da menina, por alguma coisa tão irrelevante comparada à pena a que ela foi submetida, não foi afastada, ou investigada e finalmente, enquanto os holofotes se recaiam na morte trágica da menina de São Paulo, uma coluna escondida no final da página do jornal do Metrô denunciava que 13 dos 25 juízes no Pará votaram por não processar administrativamente sua colega juíza de Abaetetuba que, ciente do fato descabido que ali acontecia, nada fez para que a menina dali saísse.
Onde estão os populares? Onde estão as câmeras? Onde estão as revoltas e as pichações? Não devia uma autoridade pública, responsável pela lei e pela ordem ser julgada com igual severidade? É o Pará ainda terra de ninguém onde manda quem pode e obedece quem tem juízo? Porque ela é pobre, sabe-se lá iletrada, e não tem orkut?
Estas são duas meninas do Brasil. Uma morta em circunstâncias ainda duvidosas, e outra ainda viva para carregar para o resto da sua vida nada glamurosa os traços da violência que se sabe, e é provado, que sofreu. Como elas há outras tantas não noticiadas em rede nacional.
Se tivéssemos o mesmo afã para lutar pelas mazelas de nosso país sem lei e sem ordem quanto temos pra rapidamente julgar e condenar as tragédias familiares, não viveríamos segundo a lei em que o poder político de autoridades corruptas e irresponsáveis garantem o silêncio nos noticiários e a impunidade dos culpados.
Os canais de telejornalismo sensacionalista debruçaram-se sobe a história com sangue escorrendo pelos dentes dos exploradores das tragédias alheias. Como já havia acontecido com a cratera aberta pela construção da nova linha de metrô, dedicaram horas de programação com o destrinchamento do caso e quando nada mais havia a ser dito, começava-se tudo novamente, para os desavisados de plantão que ali estivessem passando.
Os culpados do caso, que ainda não foi concluído, como manda o bom procedimento penal, serão investigados, e apesar da sentença dos populares que se encontram de plantão em frente à casa dos familiares, do prédio onde o crime aconteceu e da delegacia, já ter sido dada, a história continua nebulosa e intrigante. Ainda que não haja conclusão do caso, quiseram agredir os suspeitos.
Em outro canto do Brasil, com menos câmeras e helicópteros para acompanhar mandados de prisões, uma menina, menor de idade foi encarcerada com vinte e tantos homens por cerca de trinta dias e durante este tempo foi seguidamente estuprada, como provas cabais de corpo de delito e mais os testemunhos dos presos com quem ficou encarcerada, que confirmaram os abusos a que a garota se submeteu em troca de alimento.
A delegada que tinha conhecimento de todos estes atos e que ordenou a prisão da menina, por alguma coisa tão irrelevante comparada à pena a que ela foi submetida, não foi afastada, ou investigada e finalmente, enquanto os holofotes se recaiam na morte trágica da menina de São Paulo, uma coluna escondida no final da página do jornal do Metrô denunciava que 13 dos 25 juízes no Pará votaram por não processar administrativamente sua colega juíza de Abaetetuba que, ciente do fato descabido que ali acontecia, nada fez para que a menina dali saísse.
Onde estão os populares? Onde estão as câmeras? Onde estão as revoltas e as pichações? Não devia uma autoridade pública, responsável pela lei e pela ordem ser julgada com igual severidade? É o Pará ainda terra de ninguém onde manda quem pode e obedece quem tem juízo? Porque ela é pobre, sabe-se lá iletrada, e não tem orkut?
Estas são duas meninas do Brasil. Uma morta em circunstâncias ainda duvidosas, e outra ainda viva para carregar para o resto da sua vida nada glamurosa os traços da violência que se sabe, e é provado, que sofreu. Como elas há outras tantas não noticiadas em rede nacional.
Se tivéssemos o mesmo afã para lutar pelas mazelas de nosso país sem lei e sem ordem quanto temos pra rapidamente julgar e condenar as tragédias familiares, não viveríamos segundo a lei em que o poder político de autoridades corruptas e irresponsáveis garantem o silêncio nos noticiários e a impunidade dos culpados.
Assinar:
Postagens (Atom)