29 novembro, 2007

Anotações

Folheando minhas anotações da pós pra fazer a never-ending monografia, achei este desabafo perdido:

"Há muito ando quieta. Mas neste período de nudez literária ando pensando. Em tantas coisas quantas existem no mundo. E que momento melhor para passá-las para o papel se não no meio de uma aula de ...
Ando grávida, ando à flor da pele. O sol e a chuva são proporcionalmente influenciantes no meu bom e mau humor respectivamente.
Ouço o professor dizer que uma boa monografia é uma boa dúvida. Posso então escrever sobre a fome do mundo? A guerra dos homens? A empáfia dos governantes? Porque todos estes temas me geram dúvidas imensas. Dúvidas de começo, meio, e principalmente, de fim.
Duvido da honestidade dos homens e tenho, particularmente, dificuldade em aceitar as diferenças nos outros quando as minhas diferenças não são aceitas.
Novamente ouço o professor: 'independente da idéia que qualquer um de vocês possam ter tido, vocês não terão sido os primeiros a pensar nisso'.
Então por que ninguém até hoje achou respostas para as respostas que eu procuro?"

Hoje não estou mais grávida, me vesti de poesia, o sol veio pra ficar neste verão, tenho entendido um pouco mais das diferenças, mas as dúvidas....

26 novembro, 2007

In my dreams

Hum, acordei hoje com uma vontade de ir pra Grécia...
Alguém tem alguns milhares de dólares mais uma babá pra me emprestar?

22 novembro, 2007

Chacina

Hoje foi dia de chacina na vizinhança.

Fazendo nossa caminhada matinal recém re-instituída, demos de cara com Dona Bem-Te-Vi e toda a cambada de amigos pardais e passarinhos da vizinhança tentando proteger seu ninho de um tucano muito dos sem-vergonha que tentava comer os ovinhos.

Pra quem acha que tucanos só existem no Pantanal, aqui no leste de SP vira e mexe a gente cruza com um. E eles vivem dos ovinhos de outros pássaros, por isso, apesar do biquinho colorido e coisa e tal, o Sr. Tucano é na verdade um comedor de criancinhas!

E Dona Bem-Te-Vi foi a vítima do dia, pois ele mandou os dois ovinhos guela abaixo, debaixo (ou melhor, acima) de nossos olhos pro desespero meu e da passarada.

Eu sei que é coisa da natureza, "survival of the fittest", Darwin e etc., mas meu coração de mãe se compadeceu de Dona Bem-Te-Vi!

Tá aqui a foto do criminoso:




Quem souber do sujeito avisar as mães-passarinhas da região pra esconder bem seus ovinhos...

21 novembro, 2007

As vacas

Andei faxinando meus arquivos e achei esta crônica perdida por lá. Escrevi há uns quatro anos, mas pelo andar da carruagem, parece que foi ontem.


AS VACAS


Acabei de chegar em casa e tinham quatro vacas descendo o quarteirão. Desciam como se aquele território lhes pertencesse por direito. Desciam como se aquilo fosse absolutamente natural. Quatro vacas passeando pelo asfalto gélido de uma noite de inverno.
Parei o carro, desci e fui até a esquina para ter certeza de que eu não estava tendo uma alucinação.
E por que eu achei aquilo tão estranho? Afinal havia um fator contribuinte: eu morava na saída da cidade, onde várias chácaras e fazendas se empilhavam nas curvas da Serra da Paulista.
Mas ainda assim vários pensamentos me ocorreram. Imaginei as vacas caminhando pela estrada da serra, em direção à cidade, para um passeio corriqueiro, à luz da lua cheia. Imaginei as impressões das vacas com relação àquela paisagem tão entrevada de casas e asfalto, tão diferentes de seu habitat natural. Com carros velozes a fazer barulho e televisores em alto volume anunciando a novela das oito que já ia começar.
Provavelmente, o que as vacas despertaram em mim foi a necessidade de ver além do óbvio. De ver além do que nos parece normal quando não deveria ser, enquanto o que poderia ser normal nos salta aos olhos.
Afinal, é fácil ver quatro vacas passeando pelo asfalto, desacompanhadas no meio da noite. Porém temos gente morrendo de fome à nossa volta, crianças sem educação, pessoas roubando e enganando debaixo de nosso nariz, mas isso parece normal. E se não parece, estamos fazendo o possível para parecer.
A repetida mostra de violência que a televisão dá seu aval ao mostrar, faz com que cenas que deveriam ser para sempre desconcertantes se tornem óbvias e rotineiras.
E as vacas, tão alheias a esta nova paisagem que nos rodeia, se tornam a grande atração de quem tem cabeças rolando todo dia nos noticiários.

18 novembro, 2007

Tic-tac, tic-tac..

Essa combinação esdrúxula de ir pra casa da mãe com a cria debaixo do braço, trabalhar por lá e ainda tentar pôr o papo em dia com a família e os amigos me deixa meio zonza por uns dias quando eu volto.
Desta vez ainda teve um casamento junto.
Já faz três dias da volta e as malas ainda estão lá, intocáveis.
Preciso desfazê-las, preciso entregar todos os trabalhos com prazo estourado, preciso estocar leite pros dias de pós graduação... Preciso produzir leite primeiro.
Preciso descansar deste feriado!!!