18 abril, 2007

As formigas e eu

Deve ser sinal do inverno que vem chegando. Toda noite elas se alinham silenciosamente e num frenesi de folhinhas e muita disciplina vão abastecendo seu formigueiro para os dias mais frios.
Elas passam alinhadas à sarjeta, percorrendo quase o quarteirão inteiro até chegar ao seu destino.
Eu também estou estocando minhas folhinhas pro inverno, mas as minhas vêem branquinhas em formato A4. Também tento não matá-las ao entrar e sair de carro. Tento só seguir o exemplo. Mas acho que eu estou bem mais cansada que elas, que por assumir seu papel de operárias jamias terão formiguinhas-bebê.
Eu sou operária, e sou rainha do meu formigueiro, portanto trabalho em dobro e ignoro a disciplina militar que existe em mim... e nos outros.
Como sábado...
Meu contato com o exército sempre se resumiu ao fato de meu pai ter servido ainda moço, e minha mãe ter adotado a famosa disciplina como regra da casa.
Assim, estando sábado, grávida, em um evento que acontecia dentro da propriedade do exército me vi no dilema que acomete todas as grávidas eventualmente: a síndrome da bexiga curta.
Na minha ingenuidade sem tamanho perguntei pra um soldado que estava próximo se havia algum banheiro que eu pudesse utilizar e ele me indicou o batalhão mais próximo.
Caminhei novamente na direção do batalhão para, na guarita explicar que, primeiro, eu estava grávida, o que a essas alturas, é auto-explicativo, e da possibilidade de usar algum banheiro naquelas facilidades. Vejam bem, eu perguntei da possibilidade, o que sempre deixa aberto a alternativa de um "não" solene.
Mas os gentis e confusos soldados mobilizaram meio batalhão, sargento, etc pra que alguém me levasse até a porta do banheiro, revistasse o banheiro, montasse guarda enquanto eu usava e me escoltasse de volta até a guarita do batalhão.
Já roxa de vergonha mas ainda viva saí de lá com a bexiga mais leve e grata ao Exército Brasileiro pela presteza apesar da esquisitice do pedido!
Sou eu no caminho das formigas!!

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