04 outubro, 2007

Abstinências

Escrever e ler pra mim sempre foram atos meio compulsivos, como respirar. Não consigo parar voluntariamente.
Da respiração a bronquite asmática levou uma boa parcela durante a infância. Da escrita a correria da vida adulta me tira a inspiração... ou o tempo.
É que o processo da escrita é como encher um copo de sentimentos. Bons, ruins, quaisquer que sejam. Quando o copo transborda as palavras caem no papel dando corpo às idéias, às sensações.
Tenho dúvidas se alguém já escreveu alguma coisa realmente boa sem estar no mínimo perturbado. Todo bom escritor é louco, depressivo, ou algo mais que lhe tire a paz de espírito, que o leve a escrever.
O que só me faz considerar que escrevo mal porque sou normal demais. Porque já passei a adolescência, o puerpério, ando sem crises matrimoniais ou questões filosóficas mal resolvidas. Não fumo mais, bebo coisa alguma como lactante de primeiros meses e nunca usei drogas ilegais... eu acho.
Pensando bem, se eu ler repetidas vezes o parágrafo anterior talvez fique deprimida o suficiente pra escrever alguma coisa boa.
Vou tentar, depois conto no que deu.

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