17 setembro, 2006

A Teoria das Panelas de Inox

Todo mundo já ouviu nessa vida aquela velha história de que toda panela tem a sua tampa. Que há, sim, alguém no mundo que foi feito única e exclusivamente pra você.
Talvez esta pessoa não esteja por perto, talvez tenha nascido lá em Timbaktu, enquanto você nasceu aqui, neste nosso Brasil, e por isso, muito justificadamente, só se meteu em relacionamentos furados, que não deram certo, que viraram um Titanic em franco mergulho ao fundo do mar.
Pois bem, eu também ouvia essa história, nas suas mais diferentes versões: a da panela com tampa, a do sapato com o pé, e outras menos ortodoxas.
Aí um dia eu casei. Mas o homem com quem eu casei não tem nada a ver com a tal teoria, independente dos muitos atributos que ele tenha pra ser a tampa da minha panela.
É que no meio do caminho eu ganhei de presente de casamento um lindo jogo de panelas, daquelas de aço inox, com não sei quantas camadas pra melhor conservar os alimentos, e outros tantos atributos que uma boa cozinheira (o que eu não sou) deveria saber.
O que de fato me chamou atenção é que, com a exceção de uma panelinha pequenininha que vinha no conjunto, todas as outras eram “intercambiáveis”.
Ou seja, todas as tampas serviam pra todas as panelas e vice versa.
Eu achei a coisa mais sensacional do mundo, pra dentro e pra fora da cozinha.
Primeiro por que eu não teria mais que ficar caçando tampa de panela. É só esticar a mão que qualquer uma serve, da caçarola à frigideira.
Segundo por que isso abria um novo leque de possibilidades no velho ditado da tampa e da panela.
Ninguém teria mais que esperar a sua cara metade que mora em Timbaktu.
Haveria outras tantas possibilidades de tampas para a sua panela, ou de ser a tampa da panela de outra pessoa.
Pensem bem: há pelo menos cinco panelas “intercambiáveis” no jogo. O que quer dizer que há pelo menos outras quatro tentativas, caso esta tenha ido pras cucuias.
Ou como dizem os Whitlams, uma das minhas bandas favoritas, numa excelente sacada: “Yes, you are one in a million, so there’s 5 more just in New South Wales.”
Portanto, nada de desespero.
O mundo é grande e as possibilidades finitas, mas variadas.
E agradeça, no final, à Tramontina, por ter mudado tão sabiamente as regras do jogo!

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